Bastidores do ONS estão quentes
Quem acompanha mais de perto as atividades do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) garante que está em curso uma guerra interna de grandes proporções. De um lado, solitariamente, o diretor-geral Luiz Eduardo Barata Ferreira, se esforça para fazer com que o ONS modernize a sua visão como instituição e deixe de ser o mais forte baluarte do antigo setor elétrico brasileiro, ainda apegado às estruturas do sistema estatal desenvolvido durante o regime militar. Em oposição a Barata, estariam todos os demais diretores, que resistem a qualquer tentativa de mudança.
A qualidade técnica do ONS não está em jogo, pois ninguém a discute. O que se critica é a visão de mundo. Embora seja uma entidade nominalmente neutra, o modelo implantado no ONS parece mais a Eletrobras dos anos 70, sem tirar e nem por, com todos os seus eletrossauros.
Muita gente no setor elétrico evita comentar, para não cair na desgraça, mas o fato é que existem muitas críticas ao ONS, que, até hoje, não teria compreendido que não é uma estatal e não é diretamente vinculado ao Ministério de Minas e Energia. Aliás, dentro do próprio MME e também na Aneel muitos técnicos torcem o nariz para o ONS.
Um comentário que se costuma ouvir em Brasília, em tom de piada, é o seguinte: a ditadura militar no Brasil acabou em 1985… menos no ONS, que, embora criado pouco mais de 10 anos depois, incorporou uma rigidez ideológica do sistema elétrico brasileiro do passado, que não se coaduna mais com os tempos atuais.