Abradee lança campanha para reduzir acidentes
Maurício Corrêa, de Brasília —
O número total de acidentes envolvendo a rede elétrica de energia vem caindo nos últimos anos. Desde que começou a fazer o monitoramento, em 2001, os números têm revelado queda gradual a cada período: 37% nos últimos 16 anos, sendo que, só em 2016, a redução foi de 9%.
Embora a tendência seja de queda, a Associação Brasileira de Distribuidores de Energia (Abradee) entende que é necessário reforçar os níveis de informação e conscientização da população. Assim, está iniciando a XI Semana Nacional da Segurança/Campanha de Uso Consciente da Rede Elétrica, que será realizada através das concessionárias de distribuição de todo o País e pretende alcançar mais de 200 milhões de pessoas.
Segundo o presidente da Abradee, Nelson Fonseca Leite, a apuração dos números e tipos de acidentes dos usuários com a rede elétrica é uma ação de extrema importância, pois, além de fazer o controle dos casos, também ajuda no direcionamento das estratégias das campanhas de conscientização e prevenção de novas ocorrências.
No ano passado, foram registrados pelas distribuidoras 773 acidentes em todo o País envolvendo a rede elétrica (sete a menos do que em 2015). Do total, 240 casos resultaram em mortes (contra 263 em 2015). As distribuidoras apontaram 14 tipos diferentes de ocorrências provocadas pelo contato das pessoas com a fiação elétrica, sendo que as principais são construção/manutenção predial, ligações clandestinas (conhecidas como gatos), brincadeiras com pipas, instalação de antenas de televisão e poda de árvores.
No período entre 2009 e 2016, segundo o presidente da Abradee, 271 pessoas morreram no Brasil ao tentar fazer ligações clandestinas. No mesmo período, foram registradas 134 mortes por conta de contatos com a fiação enquanto se instalava antenas de televisão; 113 pessoas também morreram enquanto realizavam poda de árvores e 57 quando empinavam pipas.
No total em oito anos, envolvendo os cinco principais tipos de acidentes com a fiação elétrica, morreram no Brasil 1232 pessoas, sendo 181 na região Norte (que conta com 9% da população), 344 no Nordeste (28% dos habitantes), 484 no Sudeste (42% dos brasileiros), 120 no Sul (14%) e 103 no Centro-Oeste (7%).
Nelson Leite explicou que as distribuidoras, ao realizar a campanha, seguem uma recomendação da Aneel no sentido que é indispensável atuar de forma permanente em programas de informação e conscientização. “Os números dos últimos anos mostram que estamos no caminho certo. Nosso sonho é a meta zero”, acrescentou o presidente da Abradee, que, no entanto, reconhece que a crise joga muitas pessoas na informalidade e, nesse contexto, existe uma tendência de se tentar resolver problemas elétricos domésticos sem a utilização de mão-de-obra especializada, o que resulta em acidentes que poderiam ser evitados.
O diretor José Jurhosa, da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), disse que esse tipo de campanha sempre é visto com bons olhos pelo regulador. “As campanhas fazem parte do papel institucional das distribuidoras”, argumentou o diretor da Aneel, enquanto o engenheiro João José Magalhães, especializado em Segurança do Trabalho e representante do Crea, também assinalou que esse tipo de campanha de informação e conscientização fomenta a cultura da segurança entre a população.