No caminho certo
Os dois leilões realizados pelo Governo Federal nesta quarta-feira, 27 de setembro, tanto das quatro hidrelétricas que pertenceram à Cemig, quanto das áreas para exploração de óleo e gás, no âmbito da 14ª Rodada de Licitações da ANP, comprovam claramente que a economia se descolou da política e que, apesar da corrupção movida por empresas e partidos, há confiança por parte dos investidores no sentido que o País segue no caminho certo quanto à recuperação das atividades econômicas.
Os resultados dos leilões mostraram que até mesmo o Tesouro Nacional saiu ganhando, o que representou um alívio para a equipe econômica, que vem trabalhando duramente para fechar as contas federais. No total, as receitas extras do Tesouro somaram R$ 15,9 bilhões, sendo R$ 12,1 bilhões das hidrelétricas e R$ 3,8 bilhões das autorizações para exploração de óleo e gás.
Esses recursos praticamente impedem que a máquina governamental deixe de funcionar em algumas áreas e alguns desembolsos poderão ser efetuados a partir de agora, reativando os setores que estavam condenados à paralisação total por falta de orçamento.
Na área de petróleo e gás, o Brasil vinha andando de lado desde 2010, quando ficou evidente que a Petrobras estava quebrada e que, sozinha, não tinha condições para tocar o fantasioso programa de exploração montado pelos gênios petistas. Como a política então em vigor havia afastado os investidores privados e a Petrobras ficou sem caixa e fortemente endividada, a nossa política de petróleo e gás ficou a pão e água.
A 14ª Rodada tem um enorme simbolismo. É verdade que, em termos concretos, o petróleo e o gás ainda vão demorar um bom tempo para aparecer, mas existem alguns aspectos que merecem ser avaliados desde já. A começar pela confiança que os investidores tiveram ao aparecer com propostas na rodada de licitação, ainda que timidamente.
Em segundo lugar porque os projetos de exploração de óleo e gás vão demandar encomendas diversas à indústria e assim a cadeia produtiva será reativada, com reflexos óbvios na geração de empregos e na arrecadação de tributos.
Quanto ao leilão das quatro usinas que pertenciam à Cemig, fecha-se um ciclo e fica uma lição. Todos os partidos políticos que mandaram e mandam em Minas Gerais sempre utilizaram a Cemig para finalidades que não eram exatamente gerar e distribuir energia elétrica.
Isso está mais do que claro, agora, com o verdadeiro chilique dado no plenário da Câmara dos Deputados, por parlamentares do chamado Baixo Clero, que quase tiveram uma apoplexia (tudo mero teatro), em protesto contra a privatização das usinas. Na verdade, eles percebem que perdem poder. Só isso. O resto é chororô da pior qualidade dramática, digno das chanchadas do cinema brasileiro dos anos 50.
Este é um bom momento para que os mineiros façam uma reflexão lúcida sobre o papel da Cemig, pois já está se passando da hora de transferir o controle acionário da empresa à iniciativa privada.
Empresas estatais não constituem um mal em si. O perigo para a cidadania, para os contribuintes e consumidores está no mau uso da coisa pública. A classe política mineira historicamente sempre tratou a Cemig como propriedade dos senadores e deputados federais e estaduais e fez da companhia gato e sapato, muitas vezes atropelando a qualidade do seu corpo técnico.
Bom, hoje está muito claro que os interesses da cidadania não são exatamente os interesses da classe política. Então, já está na hora de deixar a Cemig respirar livremente, sem as amarras e o peso de uma classe política incompetente e ineficiente, que mira apenas para os seus objetivos específicos, sejam pessoais ou dos partidos.