Aneel detona projeto de Bolognesi no Sul
Maurício Corrêa, de Brasília —
A diretoria colegiada da Aneel acatou o voto formulado pelo diretor-relator Reive Barros e decidiu, em 03 de outubro, determinar a abertura de processo administrativo para avaliar as penalidades que serão aplicadas ao Grupo Bolognesi, do Rio Grande do Sul, pelo fato de ultrapassar sucessivos prazos visando à implantação e exploração da Termelétrica Rio Grande, um projeto com capacidade instalada de 1.238 MW.
A decisão da agência reguladora caiu como um balde de água fria sobre os diretores do Grupo Bolognesi, que tinham esperança de convencer a Aneel a não punir a empresa, sob o argumento que haveria um processo de negociação envolvendo a venda do projeto para a companhia New Fortress Energy Marketing. Uma fonte explicou a este site que a Aneel simplesmente se cansou das promessas do Grupo Bolognesi, percebeu há muito tempo que estava sendo enrolada e aplicou a legislação.
A questão vinha se arrastando na agência há algum tempo, com impacto na formação dos preços. Em maio do ano passado, a Aneel já havia convocado o empreendedor para apresentar um relatório sobre as etapas de implantação da UTE e, diante da convicção da área técnica que o projeto estava inviabilizado, abriu processo administrativo punitivo, com a proposta de aplicação da penalidade que previa a revogação da autorização para operar a UTE, o que acabou se efetivando na reunião semanal da diretoria desta terça-feira.
Não foi uma decisão fácil. Mesmo já estando convencida há vários meses que a UTE Rio Grande era uma espécie de repetição do fracasso das usinas do Grupo Bertin, a diretoria da Aneel, diante da possibilidade de transferência do negócio para outro empreendedor, ainda deu mais um tempo e alterou o cronograma da usina.
Segundo a agência, entre fevereiro e agosto deste ano os técnicos da Aneel realizaram reuniões mensais com os representantes do Grupo Bolognesi, sendo que, no final de agosto (um dia antes de terminar o prazo dado pela Aneel para que o grupo comprovasse a viabilidade de implantação da usina) o Grupo Bolognesi surpreendeu a agência com a informação que dava a New Fortress Energy como novo investidor.
Foi a gota d´agua, pois no entendimento da agência o Grupo Bolognesi não conseguiu comprovar em termos efetivos, em nenhum momento, que esse era um negócio factível e que tivesse aderência à realidade.