O papel do ONS no novo modelo do SEB
Maurício Corrêa, de Brasília —
Avaliação reservada feita por um especialista sobre Luiz Eduardo Barata, diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico, nesta quinta-feira, 05 de outubro, durante o 17º Encontro da Apine com seus Convidados, realizado em Brasília:
Não poderia existir um diretor-geral para o ONS, no momento atual, melhor do que Barata. No setor elétrico há muita gente que conhece bem a operação do sistema, mas poucos como ele têm um conhecimento abrangente, pois não só está na Operação pela terceira vez, como foi presidente do Conselho de Administração da CCEE durante bom tempo e, de quebra, ocupou a Secretaria-Executiva do MME, em Brasília, tendo, portanto, uma visão geral da energia elétrica no Brasil.
E agora, quando se fala em implantar um novo modelo, com alterações radicais que podem inclusive alcançar a formação dos preços, Barata exerce um papel fundamental, considerando a sua experiência anterior na CCEE, quando conheceu como funciona o mercado. Existe uma convicção generalizada no mercado que o quadro técnico do ONS é de ótima qualidade, mas que seus especialistas conhecem pouco as sutilezas do mercado, o que acaba, às vezes, gerando alguma confusão.
O próprio Barata já externou a sua opinião pessoal que a formação de preços por oferta, no Brasil, é apenas uma questão de tempo, o que deixa o pessoal do ONS preocupado, porque aquilo que se faz no Operador há muito tempo, que é a definição de preços por programas computacionais, perderá o significado.
No seu novo papel, caberá ao Operador, portanto, alterar as suas atividades, preocupando-se apenas com a questão técnica da Operação em si, sem cuidar da área de preços, o que passará a ser atribuição do próprio mercado, como já ocorre em muitos países. Nesse contexto, Barata é o homem certo, no lugar certo, no momento certo, pois poderá agir como algodão entre cristais, aparando arestas e contribuindo para edificar o novo modelo de formação de preços, o que é antiga aspiração do mercado.