Último horário de verão?
Ao que tudo indica, o horário de verão 2017/2018, encerrado neste final de semana, pode ter sido o último. A sociedade brasileira nunca percebeu muito bem, mas durante várias décadas houve uma espécie de ditadura tocada por alguns engenheiros do setor elétrico, que, entre outras atribuições, podiam definir o horário de verão e também priorizar o uso das águas dos rios. Meia-dúzia de engenheiros tomava uma decisão técnica que precisava ser seguida, sem discussão, por milhões de pessoas.
A evolução do sistema democrático mostrou que esse grupo reduzido de engenheiros perdeu todo esse naco espetacular de poder, que, aliás, não tinha qualquer traço de democracia. Finalmente, a sociedade brasileira entendeu que o uso das águas dos rios, agora, precisa ser definido em função de diversas utilidades (irrigação, uso humano, uso por animais e, inclusive, geração de energia elétrica).
Da mesma forma, se descobriu que o horário de verão não provoca impacto apenas numa economia ridícula de energia elétrica. E que as pessoas também são afetadas diretamente pela antecipação ou não do relógio, durante uma hora, ao longo de vários meses.
Então, colocar o horário de verão em discussão, pela sociedade, é extremamente saudável. Em vez de se tomar a decisão através de um núcleo de especialistas e enfiar pela goela abaixo de milhões de pessoas, que se verifique primeiramente se o horário de verão ainda tem alguma utilidade (considerando que houve um deslocamento no horário de maior consumo de energia elétrica).
Se ficar comprovado que o horário de verão ainda tem alguma justificativa, que se continue a utilizá-lo. Caso contrário, que a medida seja arquivada e ponto final. É o que aparentemente deverá prevalecer em relação ao período 2018/2019.