IBP apresenta perspectivas para 2018
Da Redação, de Brasília (Com apoio do IBP) —
O Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP) apresentou as oportunidades e os desafios para a indústria em 2018. A palavra de ordem para todos os segmentos do setor é competitividade, no sentido mais amplo – não apenas entre players do mercado, mas do Brasil enquanto país para atração de investimentos.
“Não há dúvida de que a indústria tem capacidade de duplicar, se não triplicar, a capacidade de atrair investimentos, de gerar produção, bens e benefícios para o país. Para isso, nosso poder competitivo precisa ir além do nosso potencial exploratório, é necessário que o Brasil seja um dos mais atrativos em todas as áreas do setor”, disse Jorge Camargo, presidente do IBP.
Anderson Dutra, sócio e líder do setor de óleo e gás para o Brasil da KPMG, mostrou que o momento de otimismo da indústria é compartilhado por diferentes países. Pesquisa da consultoria norueguesa DNV GL ouviu 723 profissionais, sendo 50 brasileiros, e indica que a confiança nas perspectivas aumentou de 16% para 50%, ou seja, metade dos entrevistados acredita em um setor positivamente diferente para o futuro.
Além disso, os investimentos anunciados pelos principais players do mercado brasileiro preveem que, até 2021, são esperados um total de US$ 95 bilhões, além de 19 novos FPSOs entrando em operação – sendo que 12 já foram contratados e outros sete ainda serão contratados.
Em Exploração e Produção, Antonio Guimarães, secretário-executivo da área no IBP, reforçou a necessidade de pensar na competitividade que o Brasil precisa ter no longo prazo, criando uma agenda com uma visão que vá além do imediatismo do ano. “Estamos em momento decisivo para o país e é fundamental que, em algum momento, possamos apresentar essa agenda para os presidenciáveis que queiram colocar o Brasil no mapa como um dos mais competitivos do ponto de vista de exploração e desenvolvimento de petróleo”, afirmou.
Entre os aspectos essenciais apresentados pelo executivo para compor uma agenda positiva para o futuro, capaz de dar continuidade aos leilões e para que o Brasil seja realmente competitivo, estão: maior velocidade no processo de licenciamento ambiental, aumento da previsibilidade e competitividade tributária, simplificação dos modelos de exploração, demanda de gás natural no longo prazo, entre outros.
No que se refere ao Gás Natural, Luiz Costamilan, secretário-executivo da área no IBP, defendeu a abertura do mercado a partir da criação do consumidor livre, ou seja, dar a possibilidade dos consumidores de escolher os fornecedores de gás natural, negociando livremente preço, quantidade e duração dos seus contratos. Atualmente, o Brasil possui 3 mil consumidores industriais e 38 mil comerciais de gás.
“A abertura de todos os elos da cadeia possibilitará a criação efetiva de um mercado de gás no Brasil. Um mercado mais competitivo, com atração de investimentos, crescimento no interior do país, atendimento às indústrias, garantia de geração de energia elétrica e preços mais competitivos”, sinalizou Costamilan.
Por fim, o downstream entra na agenda como segmento estratégico a partir do reposicionamento da Petrobras, com redução de investimentos em refino e possível venda de ativos. Para Alberto Guimarães, secretário-executivo de Downstream do IBP, os interesses para mudança são convergentes, uma vez que cria valor e atrai investimentos.
“Ainda que a indústria brasileira apresente oportunidades para o downstream, os desafios à frente também são grandes. Os investimentos necessários em capacidade de refino, em infraestrutura e em produção de biocombustíveis são vultosos e desafiadores, visto que o segmento de refino não é formador de preço e tem baixo foco para investidores financeiros. Além disso, é essencial encontrar mecanismos que destravem a logística”, disse Alberto.
Ainda segundo o executivo, as prioridades na mudança incluem a revisão da complexidade do arcabouço tributário, a simplificação do regime regulatório, estabelecimento de critérios de acesso à logística e definição de medidas para combate eficaz a fraudes e sonegação.
Estabelecer uma agenda positiva para a indústria, no entanto, é ainda mais desafiador este ano, que se torna mais curto a partir do calendário eleitoral. Porém, é nesse momento em que o debate deve se aprofundar de olho no futuro do setor e nas oportunidades existentes.
“A janela da nossa indústria também é menor, estamos vivendo uma transição para economia de baixo carbono inexorável, e é bom que isso aconteça. Mas é fundamental termos sempre em mente que essa mudança encurta a nossa agenda e, portanto, precisamos criar um senso de urgência para não perdermos mais tempo e gerarmos os benefícios para a economia brasileira”, sentenciou Camargo.