Apagão no Norte e Nordeste afeta 70 milhões de pessoas
Uma falha em um disjuntor da subestação de Xingu, que é responsável pelo escoamento de praticamente toda a geração da usina de Belo Monte, provocou um colapso na distribuição de energia para 13 Estados do Norte e Nordeste por mais de três horas, informou o Operador Nacional do Sistema (ONS). As causas da falha no disjuntor, que afetou mais de 70 milhões de pessoas, estão sendo apuradas e devem ser conhecidas em 10 a 15 dias.
De acordo com o diretor-geral da ONS, Luiz Eduardo Barata Ferreira, a falha provocou a separação dos subsistemas Norte e Nordeste. No Norte, que exporta energia para o Nordeste, o excesso de energia levou ao desligamento das usinas de geração, o que atrasou ainda mais a recomposição na região Nordeste, que hoje importa energia. Até 20 horas, alguns Estados do Nordeste ainda estavam sem energia.
“Tivemos praticamente um colapso nessas duas regiões. Com 30 circuitos desligados. Apenas Acre, Roraima e Rondônia não foram afetados porque não estão ligados ao sistema integrado. Alguns circuitos do Sul e Sudeste também tiveram que ser desligados, mas por poucos minutos, já que havia energia suficiente no sistema para atender essas duas regiões”, resumiu o diretor-geral da ONS.
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) informou que o apagão ocorrido na tarde desta quarta-feira, 21 de março, atingiu áreas em todas as regiões do País, embora tenha se concentrado nas regiões Norte e Nordeste.
Por meio de nota, o ONS, que é o órgão federal responsável por gerenciar a fiscalizar a entrega de energia em todo o Brasil, informou que, às 15h48, “uma perturbação” no Sistema Interligado Nacional (SIN), a rede nacional de distribuição de energia, causou o desligamento de cerca de 18 mil megawatts (MW), majoritariamente localizados nas regiões Norte e Nordeste. Esse volume correspondia a 22,5% da carga total do sistema naquele momento.
Por causa desta queda, um esquema regional de alívio de carga entrou em operação, atingindo as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, com corte automático de consumidores no montante de 4.200 MW. “Os sistemas Sul, Sudeste e Centro-Oeste ficaram desconectados do Norte e Nordeste”, informou o Operador.
Segundo o ONS, às 16h15m, já havia sido realizada a recomposição de praticamente toda a carga no Sul, Sudeste e Centro-Oeste. “As equipes do ONS estão neste momento dedicadas à recomposição dos sistemas Norte e Nordeste, já em curso. As causas de desligamento estão sendo investigadas”, declarou.
A linha de transmissão Xingu-Estreito, onde ocorreu a falha no disjuntor que provocou o colapso no fornecimento de energia em 13 Estados do Norte e Nordeste, aguarda autorização para dobrar a carga de energia transportada, informou o Operador Nacional do Sistema (ONS). Atualmente, esse sistema tem autorização para operar de forma comercial com 2 mil MW de energia. No fim de semana, porém, os testes para operação com 4 mil MW foram concluídos com sucesso.
“A fase de teste havia sido concluída e íamos iniciar os procedimentos para começar a operação comercial (em carga máxima da linha)”, disse o diretor geral da ONS, Luiz Eduardo Barata Ferreira.
Em coletiva nesta quarta-feira, o ONS informou que o prazo para apuração das causas que levaram ao colapso no fornecimento de energia em 13 Estados do Norte e Nordeste deve levar de 10 a 15 dias.
Além de apurar as causas da falha no disjuntor da linha de transmissão Xingu-Estreito, responsável pelo escoamento de toda a energia gerada pela Usina de Belo Monte, o ONS também irá apurar por que as usinas da região levaram mais tempo para recomposição do que o previsto. “Essa é outra investigação que iremos fazer”, disse o diretor geral da ONS, Luiz Eduardo Barata Ferreira.
O Operador, porém, descartou erro humano como causa da falha no disjuntor que provocou a queda do sistema. Segundo ele, as usinas da Região Norte tiveram que ser desligadas porque hoje produz mais energia do que consome e exporta para o Nordeste. Com a falha na transmissão, a sobra de energia foi de 4 mil MW.