Mergulhada em dívidas, CEB quer vender geração
Maurício Corrêa, de Brasília —
Mergulhada em dívidas (o mercado fala em algo próximo de R$ 300 milhões), a estatal CEB, controlada pelo Governo do Distrito Federal, tomou a decisão de vender as suas participações acionárias em empresas de geração para poder sanear as suas finanças. De acordo com o edital já publicado no Diário Oficial do DF, o Conselho de Administração da companhia se reunirá no dia 10 de maio, às 15 horas, para deliberar sobre a alienação acionária da CEB nas geradoras BSB Energética, Corumbá Concessões, Corumbá III, CEB Lajeado e UHE Queimado.
Para quem está interessado em negócios de geração, há preços mínimos para todo tipo de bolso. Na BSA Energética, por exemplo, uma empresa que possui várias PCHs situadas no estado de Goiás e na qual a CEB tem uma participação de 9%, o valor mínimo será de R$ 21,3 milhões. Da mesma forma, Corumbá Concessões terá um valor mínimo de R$ 141 milhões.
Além disso, o Grupo CEB pretende leiloar Corumbá III, pela oferta mínima de R$ 93 milhões, enquanto a expressiva participação da estatal do DF na UHE Lajeado será vendida pelo preço mínimo de R$ 324 milhões. Finalmente, a CEB quer no mínimo R$ 96 milhões pela sua participação acionária na UHE Queimado (um empreendimento em que tem a Cemig como sócia).
A gestão da CEB é um dos casos mais emblemáticos do setor elétrico brasileiro. Afinal, a empresa é considerada uma espécie de filé mignon, pois a quase totalidade dos seus consumidores se enquadra na categoria de urbanos e apenas um resíduo estatístico é atendido como consumidor rural. Além disso, a CEB opera em uma área de concessão que corresponde ao PIB per capita médio mais elevado do Brasil, proporcionalmente ao número de habitantes. Em termos concretos, a CEB não teria qualquer razão para se dar mal em termos financeiros, a ponto de ser obrigada a se desfazer do seu braço de geração. No entanto, a empresa se deu mal.
É praticamente consensual, em Brasília, que a CEB foi mais do que utilizada politicamente, por sucessivos governos e partidos, da mesma forma que ocorreu com outras empresas estatais já privatizadas. Agora, por exemplo, a CEB protocolou um pedido de Revisão Tarifária Extraordinária (RTE) junto à Aneel, sob a alegação que precisa reequilibrar o seu caixa, ou seja, sequer tem recursos para cumprir as suas obrigações. No mercado, alega-se que a CEB tem uma conta salgada para pagar, por conta do risco hidrológico, também conhecido pela sigla GSF em inglês.