Como se desmonta um ministério
Maurício Corrêa, de Brasília —
Está acontecendo no Ministério de Minas e Energia exatamente aquilo que se imaginava assim que foi anunciado o nome de Wellington Moreira Franco para tocar a Pasta.
O ministro é um político como outros que já passaram pela Pasta. Então não é nada pessoal. Mas já se sabia que, com a saída de Paulo Pedrosa e os seus principais assessores, o MME ficaria com um enorme buraco na sua estrutura operacional, pelo simples fato que faltam poucos meses para terminar o ano, sem contar que é um período especial devido à Copa do Mundo e às eleições. Numa situação assim, é difícil atrair especialistas para o ministério.
Como este site já opinou, teria sido mais razoável tocar o ministério com a equipe que seria herdada do ministro Fernando Coelho Filho. Michel Temer, entretanto, fez outra opção e desmontou um dos poucos ministérios que funcionavam bem na sua polêmica gestão.
É verdade que numa situação como essa, em que as atenções do País se voltam para outros eventos que são relevantes para a sociedade, as coisas tendem a diminuir o ritmo. Mas um ministério não chega a parar totalmente. Os projetos precisam ser tocados, análises são feitas, propostas são discutidas com agentes econômicos e políticos, etc, etc. Nesse contexto, promover alguns técnicos que já estavam no MME foi a saída mais natural e plausível.
Na área do MME, há muito o que fazer, mesmo considerando o período especial. Entretanto, o momento para o MME deixa a desejar. Além de um ministro que não é do ramo, o secretário-executivo tem as suas limitações na área de energia elétrica (embora entenda de petróleo e gás).
E o nome que acaba de ser indicado para ocupar a estratégica Secretaria de Energia Elétrica, Ildo Grudtner, recém-promovido, não enche os olhos dos agentes do mercado. É uma pessoa educada e afável, mas ele já está acomodado na burocracia do MME há muitos anos e aparentemente conta os dias para a merecida aposentadoria. Definitivamente, não é um técnico para enfrentar a mudança de modelo, como pretendem os agentes.