Zaroni, a Engie e a Eletrobras: conflito claro
Maurício Corrêa, de Brasília —
Tem razão quem argumenta que há um conflito de interesses envolvendo o Sr. Manoel Arlindo Zaroni Torres no Conselho de Administração da Eletrobras.
O Sr. Zaroni Torres é um dos principais especialistas na área de energia elétrica no Brasil. Tem um currículo invejável. Durante quase duas décadas, foi o presidente executivo da Tractebel Energia, nome anterior da Engie, onde passou a integrar o Conselho de Administração, na condição de vice-presidente.
Aí está a essência do conflito. Na Engie, “o Conselho de Administração é responsável pela orientação geral dos negócios da Companhia”. Como integrante do CA da Eletrobras, a sua função é similar.
Só que a Eletrobras está sendo privatizada. Pelo seu conselho, passam naturalmente as informações mais estratégicas relacionadas com a venda do controle da empresa. E qualquer estagiário da área de energia elétrica sabe que a Engie está de olho na transferência do controle de geradoras da Eletrobras para a iniciativa privada. Quer aumentar a sua presença no Brasil comprando pelo menos uma dessas grandes geradoras hoje em poder da Eletrobras.
É uma situação complexa e complicada, pois o Sr. Zaroni Torres, como conselheiro da Eletrobras, fatalmente tem acesso a informações privilegiadas sobre a holding, inclusive sobre o seu processo de privatização. O Sr. Zaroni Torres sempre pautou a sua carreira por atitudes corretas e éticas, mas essa não é a questão. O que está colocado em questão é o fato que ele, que é ligado ainda à Engie, tem acesso a informações privilegiadas que as demais empresas interessadas em ficar com o espólio da Eletrobras não têm.
A questão é simples assim. O resto é blá-blá-blá.