Parente: não se pensa em mudar política de preços
O presidente da Petrobras, Pedro Parente, disse que o governo não tem o objetivo de pedir qualquer mudança na política de preços da Petrobras, que prevê reajustes diários dos combustíveis de acordo com a variação do câmbio e dos preços internacionais. Parente participou de uma reunião com os ministros da Fazenda, Eduardo Guardia, e de Minas e Energia, Moreira Franco.
“Ficou esclarecido na reunião que, em hipótese nenhuma, em nenhum momento, passou pela cabeça do governo pedir qualquer mudança na política de preços da Petrobras. Não houve discussão em relação à política”, afirmou.
Parente também negou que tenha sido discutido um aumento na frequência dos reajustes. “Isso nunca foi considerado. Câmbio e preços mudam diariamente, esses fatores não são provocados pela Petrobras”, completou.
Na segunda-feira, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, admitiu que a Petrobras seria chamada a conversar sobre uma maneira de dar mais previsibilidade às variações de preços dos combustíveis.
Segundo o presidente da estatal, o governo pediu informações sobre a dinâmica do mercado para considerar “eventuais medidas”. “Outras medidas serão discutidas posteriormente, mas não no âmbito da Petrobras. O governo está preocupado com os preços e está procurando ver o que pode ser feito no nível dele”, afirmou
O presidente, no entanto, não respondeu se a redução de tributos sobre combustíveis foi um dos temas da reunião. “Sobre temas da alçada do governo quem tem que falar são as autoridades do governo”, afirmou.
Ele também negou que a redução nos preços do diesel e da gasolina anunciada nesta terça pela Petrobras tenha sido em virtude de pressão do governo. “Imagina, a redução de hoje é simples de entender, houve uma redução importante no câmbio”, acrescentou.
Petróleo x inflação
O aumento dos preços do petróleo no mercado internacional, com reflexos diretos para o diesel e a gasolina, e a disparada do dólar em relação ao real têm, por enquanto, efeito discreto na inflação deste ano, segundo economistas.
Nas contas da consultoria GO Associados, o impacto do dólar e dos combustíveis até o momento é de 0,43 ponto porcentual. Isto é, para um Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) inicialmente projetado em 3,5% para 2018, a inflação subiria para 3,93%. Mesmo assim, o IPCA ainda ficaria abaixo do centro da meta perseguida pelo Banco Central, que é de 4,5% ao ano.
“Não é um cenário preocupante, por enquanto, mas é para ser monitorado”, pondera Luiz Castelli, economista responsável pela projeção. Ele frise que a estimativa é conservadora. Ele considerou o preço médio de US$ 74 por barril de petróleo e o dólar a R$ 3,70. E ambas as cotações estáveis até dezembro.
Nas contas da Tendências Consultoria Integrada, o impacto da alta dos combustíveis deve ser de 0,30 ponto porcentual no IPCA deste ano. Por enquanto, Marcio Milan, economista da consultoria, diz que a projeção para o IPCA está mantida em 3,7% para este ano.
“A inflação aguenta ‘desaforo’ porque segue muito abaixo do centro da meta de 4,5%”, diz o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale. Ele projeta um IPCA de 3,4% para este ano e não alterou a estimativa por causa do combustível e do câmbio.
Os economistas concordam que a fraqueza da atividade impede o repasse de custos para o preço ao consumidor.