SEB pede volta de UHE´s com reservatórios
Da Redação, de Brasília (Com apoio do CBB) —
Após três dias de debates, no Bourbon Convention Ibirapuera Hotel, em São Paulo, especialistas, acadêmicos e agentes do setor elétrico de todo o país concluíram a participação em três eventos do Comitê Brasileiro de Barragens. No encerramento, ocorrido no final da quarta-feira, 23 de maio, lançaram a “Carta de São Paulo”, um verdadeiro manifesto em defesa dos empreendimentos hidráulicos brasileiros e da retomada da construção de reservatórios.
Na visão dos participantes, as hidrelétricas com reservatórios são essenciais para a fornecimento de água e energia à população e aos usos múltiplos como irrigação e lazer. Apesar de reconhecer a importância da entrada das novas fontes de energia renovável – solar e eólica – nos leilões e no sistema elétrico, o Comitê alerta que tais fontes são intermitentes e necessitam do equilíbrio gerado pelas hidrelétricas, que respondem por cerca de 70% da matriz energética nacional.
A Carta é dirigida à sociedade civil e está sendo encaminhada às autoridades governamentais. Os eventos do Comitê se iniciaram no dia 21 de maio, com o II Simpósio sobre Pequenas e Médias Centrais Hidrelétricas e II Simpósio Sobre Usinas Hidrelétricas Reversíveis.
O superintendente de Projetos de Geração da EPE (Empresa de Pesquisa Energética) do Governo Federal, Bernardo Folly Aguiar, a novidade é que o Governo estuda potenciais em São Paulo e Rio de Janeiro para a implantação do sistemas de usinas reversíveis que armazenam energia e podem trazer mais equilíbrio ao sistema. “Trata-se de um passo importante para a regulação do setor”, reconhece.
Os eventos encerraram-se na quarta-feira, 23 de maio, com a segunda edição do Encontro Técnico de Incidentes e Acidentes em Barragens.
Um dos pontos altos do evento foi a vinda do especialista norte-americano Leslie Harder Jr. para falar sobre o incidente e a recuperação da Barragem de Oroville, que funcionou por décadas sem problemas no estado americano da Califórnia. A ruptura da calha do vertedouro, apesar de não ter causado a liberação sem controle do reservatório, provocou a evacuação da população de várias cidades como medida preventiva.
Como lição, constatou-se que “a operação segura de uma barragem por 50 anos não garante a segurança atual”, segundo Harder. O evento ainda serviu para retomada dos debates dos especialistas em torno de acidentes em barragens e para reforçar a necessidade de gestão técnica e de fortes políticas de segurança para todos os envolvidos nessas estruturas.
“Os eventos foram extremamente positivos e mais uma vez revelaram que debates da comunidade técnica são essenciais para subsidiar as políticas setoriais brasileiras”, resumiu o presidente do Comitê Brasileiro de Barragens, Carlos Henrique Medeiros.
Na seção “Documentos” deste site, está disponível a íntegra da “Carta de São Paulo”.