SEB desanimado com presidenciáveis
Maurício Corrêa, de São Paulo —
Os principais ideólogos do setor elétrico brasileiro estão desanimados, deprimidos e estressados com o quadro politico. Nos últimos dias, este site conversou com vários especialistas de alto coturno, os caras que mandam no SEB. Eles não conseguem esconder o desalento com as perspectivas que se abrem para o setor elétrico face aos atuais candidatos à Presidência da República.
O estado de espírito não é para menos. Se ganhar o candidato Bolsonaro, é provável que seja indicado um general para o posto de ministro de Minas e Energia, considerando a inexistência de bons quadros para o grupo político que o ex-capitão representa. Embora os generais tenham a seu favor o gosto pelo planejamento, é mais ou menos claro que o Exército, como grupo, não conhece o atual setor elétrico brasileiro e tende a pensar que ainda vivemos a época do presidente Geisel, com o Estado controlando tudo. Hoje, é exatamente o contrário.
Os generais ainda consideram o caráter estratégico da energia elétrica, que é algo que se pensava há muitos anos. Muitos militares ou ex-militares, inclusive o próprio Bolsonaro, acreditam piamente que os chineses não podem sair por aí comprando o setor elétrico brasileiro, como se fosse possível levar para a China as hidrelétricas ou linhas de transmissão. É um atraso enorme de pensamento. O Brasil — que está totalmente quebrado — tem que levantar a mão para Céu e agradecer a Deus porque ainda aparecem investidores chineses, italianos ou indianos interessados em aplicar no SEB.
Se vingar a hipótese Marina, os ideólogos do setor elétrico não se esquecem que a candidata, como ministra do Meio Ambiente, não teve qualquer problema de consciência na hora de impedir a construção de hidrelétricas com reservatórios, ao mesmo tempo em que na maior ingenuidade abriu caminho para a expansão de termelétricas poluidoras pelo país inteiro. Coitada, não sabe nada de nada.
De Ciro Gomes, o que se conhece até agora é que as suas ideias para o setor elétrico são semelhantes às de Bolsonaro, enquanto uma eventual vitória de Fernando Haddad provavelmente abrirá caminho para uma volta do professor Maurício Tolmasquim, que foi o grande responsável pela implantação do modelo autocrático utilizado pelo PT, nas gestões de Lula e Dilma. Tem muita gente contratando pai de santo, com galinha preta, charuto e cachaça, para isso não se repetir.
Se o novo presidente for Geraldo Alckmin, o SEB se preocupa com lobistas que andam por aí fazendo as propostas mais polêmicas possíveis. São profissionais que provavelmente dariam as cartas em um eventual governo tucano, o que mete medo em muita gente, pois esse povo não brinca em serviço.
Um dirigente de associação resumiu a questão para o site Paranoá Energia: “se ficar, o bicho come. Se correr, o bicho pega”. Ou seja, não há muito espaço para se escapar de tanta mediocridade e desconhecimento dos candidatos em relação ao setor elétrico. O que mais deprime os ideólogos é que nenhum desses candidatos — desses que provavelmente vão ganhar a eleição —aparentemente não têm a menor ideia sobre a situação aflitiva atual do setor elétrico brasileiro, que está mais uma vez na beira do abismo, precisando urgentemente de medidas concretas e rápidas que possam eliminar os riscos que pairam sobre essa fração super-importante da infra-estrutura.