Fundos coreanos deixam de financiar carvão
Da Redação, de Brasília —
Pela primeira vez na história da Coreia, fundos de pensão deixam de financiar projetos de carvão. O anúncio foi feito coincidindo com o encontro de delegações de governos e cientistas de todo o mundo, que estão reunidos na Cúpula do IPCC para aprovar um novo relatório científico sobre o aquecimento global.
O fundo de Pensão dos Professores e o Sistema de Pensão dos Funcionários do Governo (GEPS), que gerem um total de US $ 22 bilhões em ativos, assumiram o compromisso de parar de investir em novos projetos de carvão a partir de agora durante uma coletiva de imprensa realizada hoje na Korea Press Foundation, no centro de Seul.
“Estamos agora em uma nova jornada rumo ao investimento sustentável para um futuro melhor. Acreditamos que reduzir gradualmente o carvão e promover as energias renováveis são o último avanço para um futuro sustentável. É também nossa responsabilidade contribuir com o esforço contínuo da humanidade para manter o aquecimento global abaixo de 1,5 ° C”, declararam as empresas.
O anúncio acontece enquanto o IPCC – o órgão científico da ONU encarregado de fornecer evidências sobre as mudanças climáticas – está se reunindo em Incheon para aprovar um relatório com recomendações sobre como limitar os impactos do aquecimento global. Investimentos em combustíveis fósseis são cada vez mais vistos como um risco, com probabilidade de colapso no futuro, como ativos encalhado.
O Teachers’ Pension, que investe em fundos renováveis desde 2015, planeja aumentar a parcela do investimento em sustentabilidade à medida em que estabelece uma nova carteira de longo prazo. O montante de investimento em sustentabilidade foi de US$ 90 milhões no ano passado. Joong Heun Lee, CEO do Teachers’ Pension, disse: “Cumpriremos nossa responsabilidade, como financiador público, de combater os problemas das alterações climáticas e da poluição atmosférica, expandindo o investimento socialmente responsável, como a exploração de oportunidades de investimento em energia renovável.”
Como único membro sul-coreano do Carbon Disclosure Project entre os fundos coreanos de pensão, o GEPS vem aumentando continuamente o investimento socialmente responsável, baseado em fatores sociais, ambientais e de governança, e isso será aplicado em breve para investimentos no exterior. Nam Joon Chung, Presidente e CEO da GEPS disse: “Após nossa declaração, faremos o nosso melhor para cumprir a nossa responsabilidade ambiental e social como um financiador público e também Incentivaremos os governos nacionais e internacionais a reduzir as emissões de gases de efeito estufa.”
Jong-O Lee, diretor da KoSIF, que liderou uma campanha para que os financiadores saiam do carvão, disse: “Aproveitando esse momento importante, continuaremos nos envolvendo com instituições financeiras, incentivando-as a aderirem ao movimento de saída do financiamento do carvão. Além disso, vamos lançar as bases para que eles se unam a uma coalizão para fortalecer o impulso para a eliminação do carvão.”
Este é o primeiro anúncio desta natureza por parte de instituições financeiras coreanas, mas outros grandes players globais já se juntaram ao movimento de eliminação do financiamento a projetos de carvão. Mais recentemente, o Standard Chartered publicou sua nova política energética, dizendo que não mais financiarão diretamente quaisquer novos projetos de usinas a carvão, incluindo expansões, em qualquer localização. Na Ásia, essa tendência é liderada por empresas japonesas. Marubeni, um importante conglomerado empresarial integrado de comércio e investimento de origem japonesa, disse que se retirará do desenvolvimento de novas usinas a carvão.
Entre as instituições financeiras japonesas, houve o anúncio este ano de que a Dai-Ichi Life Insurance Co. não vai mais fornecer financiamento para projetos de carvão no exterior, seguindo a Nippon Life Insurance Co., que disse estar planejando o fim dos novos empréstimos e investimentos em empreendimentos que contribuem para as alterações climáticas.