AES muda comando, mas avisa que não está à venda
Maurício Corrêa, de Brasília —
O Grupo AES anunciou, nesta quarta-feira, 17 de fevereiro, profundas alterações no comando da operação brasileira, mas já se antecipou aos comentários e preventivamente revelou que a restruturação busca o avanço dos negócios do Grupo no País, pois o objetivo é crescer no segmento de geração, aprimorando a qualidade do serviço e recuperando o valor das concessionárias de distribuição. A AES também garantiu que seus ativos não estão à venda.
Britaldo Soares deixa a presidência da AES Brasil para se tornar o presidente do Conselho de Administração de três empresas com a marca: AES Eletropaulo, AES Sul e AES Tietê. Charles Lenzi, que ocupava a presidência executiva da Associação Brasileira de Geração Limpa (Abragel), volta ao Grupo AES, desta vez com a missão de presidir as distribuidoras AES Eletropaulo e AES Sul, além de ser o novo COO da AES Brasil. Julian Nebreda é o novo presidente da AES Brasil, enquanto Ítalo Freitas, que era vice-presidente de Operações da AES Tietê e da AES Uruguaiana, foi promovido a presidente das duas empresas.
Segundo um comunicado disponibilizado na internet, Britaldo Soares deixa a Presidência da AES Brasil depois de nove anos na liderança do Grupo. Em sua gestão, “a companhia foi reposicionada estrategicamente como um dos principais players do mercado brasileiro, alcançando novos patamares de eficiência operacional, desempenho financeiro e retorno aos acionistas. Foram investidos mais de R$ 9 bilhões em geração e distribuição ao longo dos anos em que atuou à frente dos negócios da AES no País”, diz a informação liberada pela empresa.
“Recentemente, Soares liderou a reorganização societária da AES Tietê Energia, consolidando-a como plataforma exclusiva de crescimento da AES no segmento de geração de energia elétrica no Brasil. A reorganização trouxe outros benefícios para a empresa, como a simplificação do acordo de acionistas, garantindo mais agilidade no processo decisório, migração da AES Tietê para o Nível 2 da BM&Bovespa e consolidação da liquidez via criação de units”, informou a AES.
Charles Lenzi já trabalhou no Grupo AES, tendo desempenhado posições de liderança na própria AES Eletropaulo, na AES Sul e em distribuidoras do grupo existentes na Venezuela e na Índia. Depois ele deixou a empresa e foi presidir a Abragel, de onde agora retorna ao grupo. Ele tem mais de 25 anos de experiência em gestão, com 15 anos só no setor elétrico. Lenzi terá uma função altamente estratégica na operação brasileira da AES, pois, além de presidir as distribuidoras AES Eletropaulo e AES Sul, como “Chief operating officer” (COO, ou executivo chefe de Operações) da AES Brasil, ele será o braço direito do novo presidente da empresa, Julian Nebreda. Freitas, que vai presidir as geradoras AES Tietê e AES Uruguaiana, também tem 20 anos de experiência no setor de energia.
Segundo a AES, Julian Nebreda — que vai presidir a AES Brasil no lugar de Britaldo Soares — traz mais de 20 anos de experiência no setor de energia, tanto em distribuição como na geração. Soma-se a isto a experiência nos campos legal e financeiro. Ao longo de sua carreira, exerceu cargos de chefia em distribuição na República Dominicana, Venezuela, Camarões, Ucrânia e Cazaquistão. Mais recentemente, esteve à frente da Unidade Estratégica de Negócios da AES na União Européia, com uma carteira de 6,7 mil MW de geração, compreendendo países como Reino Unido, Bulgária, Jordânia, Cazaquistão e Holanda. Na Europa, Nebreda liderou o desenvolvimento e construção de projetos de geração de mais de 1,2 mil MW. Sob a liderança desse executivo, a AES tornou-se líder de mercado no desenvolvimento de armazenamento de energia à base de bateria, com projetos já em operação comercial no Reino Unido e Holanda.