Energisa vai investir R$ 228 mi no AC em 2019
Da Redação, de Brasília (Com apoio da Energisa) —
O Grupo Energisa assumiu, nesta quinta-feira, 06 de dezembro, o controle da Eletrobras Distribuição Acre (antiga Eletroacre – Companhia de Eletricidade do Acre), que foi adquirida em leilão realizado pelo BNDES, na B3, em agosto deste ano. Com a aquisição, a Energisa passa a contar com 11 distribuidoras, que atenderão a 7,6 milhões de clientes em 862 municípios de 11 estados, em todas as regiões do Brasil. A área atendida pela empresa representa agora, aproximadamente, 25% do território nacional e abrange cerca de 10% da população brasileira.
O presidente do Grupo Energisa, Ricardo Botelho, reforça que as prioridades serão a retomada da sustentabilidade da concessão (com a garantia da continuidade do fornecimento de energia para o estado), a melhoria da qualidade dos serviços, o atendimento a regiões ainda não plenamente supridas – com redução das áreas que estão nos sistemas isolados no estado que, hoje, correspondem a 25,61% dos clientes do Acre – e a redução do furto de energia, que ultrapassa os 20% na área de concessão. Também serão feitas aproximadamente 8,7 mil ligações até 2022 como parte do Programa Luz Para Todos, concluindo a universalização de energia no estado.
“Focaremos na solução dos grandes problemas financeiros e operacionais da concessão. Nossas primeiras iniciativas ajudarão a mudar o perfil da dívida e a disponibilizar recursos para investimentos imediatos, contribuindo para o equilíbrio financeiro da distribuidora. Também iniciaremos um amplo programa para transformação da gestão operacional, com foco na expansão, modernização e automação da rede elétrica, na introdução de novas tecnologias e soluções para melhorar os serviços, na capacitação das equipes, na ampliação do atendimento e da logística e na melhoria dos canais de relacionamento com o cliente. Uma das prioridades será a interligação de alguns sistemas isolados ao Sistema Interligado Nacional (SIN), o que ajudará, inclusive, a reduzir o uso de termelétricas no estado. Todo esse trabalho melhorará, sensivelmente, a qualidade do fornecimento de energia no Acre, apoiando o desenvolvimento econômico e social da região”, afirma Botelho.
Estratégia
A aquisição, segundo o executivo, está em linha com a estratégia de crescimento da Energisa e reforça a política de sinergia entre concessões do Grupo, buscando ativos em estados próximos às suas operações – o Grupo opera também a concessão vizinha de Rondônia e ainda as distribuidoras de energia de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, e Tocantins.
Ricardo Botelho explica que a nova distribuidora passará por uma série de mudanças que permitirão uma grande transformação na empresa, a exemplo do que ocorreu em outras concessionárias adquiridas pelo Grupo nos últimos anos em processos de privatização.
“Somos um dos maiores grupos do setor elétrico, com mais de 100 anos de atuação neste mercado, DNA de inovação e grande experiência em recuperação de distribuidoras em dificuldades, colocando-as, em poucos anos, entre as melhores do Brasil. Implementaremos, no Acre, um grande programa de transformação e entregaremos uma energia de qualidade ao estado, permitindo que a economia regional cresça com mais segurança no fornecimento. Nosso objetivo é tornar a Eletroacre uma das melhores do país”, afirma o executivo.
Em 2019, a Energisa planeja investir R$ 228 milhões no estado para melhorar a qualidade do serviço para os consumidores e expandir o sistema de distribuição para regiões ainda não atendidas. Esse montante é mais de quatro vezes o que foi investido pela Eletroacre em 2017 e três vezes o valor aportado em 2016. A empresa ocupa hoje um dos últimos lugares no ranking de qualidade da Aneel entre distribuidoras com menos de 400 mil clientes (posição 23 entre 25 empresas), o que demonstra a sua baixa eficiência. O objetivo é que esses investimentos coloquem a Eletroacre, em poucos anos, dentro dos limites regulatórios de qualidade e perdas elétricas da agência reguladora.
Para melhorar a saúde financeira da concessionária e regularizar dívidas, a Energisa aportou R$ 239 milhões na distribuidora do Acre em um movimento de aumento de capital. A Eletroacre possui um prejuízo acumulado da ordem de R$ 939 milhões e conta ainda com uma dívida líquida, após capitalização realizada pela Eletrobras, prevista no processo de privatização, de R$ 748 milhões. Apenas com fornecedores, incluindo compra de energia, a dívida da empresa chega a R$ 140 milhões.
Os investimentos e as melhorias no fornecimento de energia serão fundamentais para acompanhar o crescimento econômico do Acre nos próximos anos. “Há bastante potencial de expansão do consumo de energia e vamos trabalhar fortemente para atender a uma demanda reprimida no estado, causada pelo baixo investimento nos últimos anos. Desta forma, esperamos contribuir para o crescimento da região”, reforça Botelho, acrescentando algumas obras prioritárias que serão feitas para melhorar o fornecimento, como a construção de uma nova subestação na capital – já que a atual está próxima da sobrecarga –, construção de novos alimentadores em todo o estado e ainda a interligação dos municípios de Assis Brasil e Manuel Urbano ao Sistema Interligado Nacional.
A nova empresa se soma a outras dez distribuidoras do Grupo em todo o país — Energisa Minas Gerais, Energisa Paraíba, Energisa Borborema, Energisa Sergipe, Energisa Nova Friburgo, Energisa Sul-Sudeste, Energisa Tocantins, Energisa Mato Grosso, Energisa Mato Grosso do Sul e a recém adquirida distribuidora de Rondônia — que já atendem a uma população total de cerca de 20 milhões de pessoas. A operação consolida a Energisa, a mais antiga companhia do setor de distribuição de energia no país, com 113 anos, como a 5ª em número de clientes.
Perdas
Uma das prioridades da Energisa no estado será a redução das perdas de energia. No Acre, o percentual chega a 20,8%, somando perdas técnicas e furtos, o que coloca a empresa entre as distribuidoras com maior índice de perdas elétricas do país. As distribuidoras do Grupo Energisa são referência no combate às perdas de energia e o objetivo é replicar na nova empresa iniciativas que já deram certo em outros estados. No consolidado de todas as empresas do Grupo Energisa, o índice anual de perdas totais é de 11, 6% (dado de setembro de 2018).
Há um grande potencial para a melhoria dos indicadores de qualidade da distribuidora. Tanto o DEC (duração das interrupções de energia) quanto o FEC (quantidade de interrupções) estão bem acima dos limites regulatórios, em 47,97 horas e 35,56 vezes, respectivamente, no fechamento de 2017. A experiência do Grupo Energisa prova ser possível realizar essas mudanças.
Ao adquirir o Grupo Rede, em 2014, as empresas apresentavam níveis de qualidade críticos e bem acima das metas regulatórias previstas pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). Ainda assim, de abril de 2014 a setembro de 2018, houve reduções significativas desses indicadores, com destaque para o FEC da Energisa Mato Grosso (-56%) e o DEC da Energisa Tocantins (-22%).