Desastre à vista no MME
Quando o almirante Bento Albuquerque Junior foi anunciado como o novo ministro de Minas e Energia, certamente não era o tipo de nome que se desejava para a Pasta, mas com certeza a sua indicação foi recebida de modo positivo, face as suas inúmeras qualidades pessoais. Entendeu-se que era uma opção frente a executivos que eram apoiados pelo setor elétrico ou pelo setor de óleo e gás. O presidente eleito Jair Bolsonaro optou por um nome neutro e essa decisão foi compreendida com maturidade.
Só que, faltando pouquíssimos dias para o início do governo Bolsonaro, houve uma notável reversão das expectativas em relação ao MME, se for confirmado para a Secretaria-Executiva do almirante o nome de Fábio Gondim, um desconhecido assessor parlamentar.
A carreira de Gondim é extraordinária e a sua contribuição à área de energia é fantástica. Entre outras coisas, foi secretário de Saúde do governador Rollemberg, no Distrito Federal; secretário da Fazenda da governadora Roseana, no Maranhão; e candidato a deputado federal pelo PT também no Maranhão. Essa última observação realmente é para deixar qualquer um sem entender absolutamente nada a respeito do futuro governo Bolsonaro.
Ora, a equação é simples de ser entendida. Se existe um futuro ministro que conhece energia nuclear, mas desconhece todos os demais setores da sua Pasta, é natural que ele se apoie em um secretário-executivo com forte qualificação técnica da área. Contudo, o nome que segundo dizem está “cotadíssimo” para ser o seu secretário-executivo não pode ser um alpinista político, que gosta mesmo é dos rapapés dos gabinetes.
Se essa é efetivamente a escolha do almirante Bento, o site “Paranoá Energia” pede desculpas pela franqueza, mas infelizmente a sua gestão já era. Esqueça, almirante. Talvez seja mais fácil cuidar dos seus submarinos. Uma eventual dupla Bento/Gondim vai apenas repetir o que já aconteceu no MME, no governo FHC, com o ministro Rodolpho Tourinho e o seu secretário-executivo, Hélio Vitor Ramos, que era um talvez competente diplomata de carreira, mas que não entendia absolutamente nada sobre os assuntos do MME. Foi um desastre.
Agora mesmo está ocorrendo uma situação mais ou menos parecida, pois o ministro Moreira Franco é um político em tempo integral e o seu secretário-executivo, Márcio Félix Bezerra, só conhece a área de óleo e gás. Resultado: nada se avançou na resolução dos sérios problemas de energia elétrica na gestão que está chegando ao fim agora no dia 31 de dezembro.
É uma situação difícil, este site reconhece, e o almirante Bento certamente está recebendo muitas pressões para indicar essa ou aquela pessoa como secretário-executivo. Entretanto, ele precisará ponderar bastante. Como é um especialista em energia nuclear, o que representa apenas uma pequena fatia do trabalho do MME, o almirante precisará ter ao seu lado um secretário-executivo que entenda de muitas outras coisas.
Certamente, não será um sorridente assessor legislativo, acostumado aos tapetes de ambientes palacianos, que resolverá o problema do almirante Bento.