Início de diálogo por parte do MME?
Maurício Corrêa, de Brasília —
Depois de três semanas arrumando a casa, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, receberá, nesta quarta-feira, dia 23 de janeiro, às 16 horas, os dirigentes do Fórum das Associações do Setor Elétrico (Fase) e todas as organizações empresariais vinculadas. É um bom gesto da parte do gabinete do ministro, pois a área empresarial já está se descabelando com tamanha ausência de diálogo.
Os jornalistas que trabalham na cobertura da área esperam, pacientemente, que em em algum momento, Sua Excelência também os receba. Não se sabe exatamente porque o ministro não conversa com a imprensa, mas vale repetir que jornalistas não mordem e nem tiram pedaços. Apenas fazem perguntas que um ministro qualificado e preparado como Bento Albuquerque certamente está em condições de responder. Infelizmente a mídia não é uma prioridade, embora no próprio Palácio do Planalto os militares falem abertamente.
Vale lembrar, aliás, por mais incrível que possa parecer, que não há termos de comparação entre a cobertura jornalística no MME, durante o regime militar, e de uns 20 anos para cá. Na época do regime militar, com a ditadura comendo solta, jornalistas circulavam livremente dentro do MME e, a rigor, só não podiam entrar, sem ser convidados, no gabinete do ministro. Não é de hoje, mas atualmente jornalistas sequer passam da recepção do ministério, se a área de Comunicação Social, devidamente acionada pelo telefone, não autorizar o ingresso no prédio. É uma senhora mudança de percepção, incrivelmente dentro do período de maior abertura democrática do País.
Tudo tem sido muito controlado no MME e agora, com um ministro da carreira militar, a tendência é ficar tudo igual, ainda mais porque a estrutura do ministério está recheada de profissionais egressos das Forças Armadas, principalmente da Marinha.
Este site a princípio não concorda com a militarização do Governo em geral. Por tabela, também não concorda com o fato de o MME estar se transformando numa espécie de sinecura para oficiais da Marinha. Além do ministro Bento, há outros oficiais indicados para cargos estratégicos na estrutura do MME, cargos que, desde a redemocratização, sempre foram ocupados por civis.
Entretanto, é preciso reconhecer que essa é uma circunstância estranha do momento atual da nossa democracia, pois as coisas estão ocorrendo dentro do marco democrático, e não há muito o que fazer, por enquanto, a não ser acompanhar esses movimentos.