A eleição para o CA da Abraceel
Quatro candidatos já se inscreveram para a eleição do Conselho de Administração da Abraceel, que será realizada em São Paulo, no dia 14 de março. Este site apurou que, até agora, estão inscritos Ricardo Lisboa (Delta Energia) e Alessandra Amaral (Energisa), ambos candidatos à reeleição, além de Ricardo Motoyama (CPFL Soluções) e Eduardo Takamori (Engie). De acordo com o edital formatado pela Diretoria-Executiva, as inscrições — um nome por empresa associada à Abraceel — deverão ocorrer até às 10 horas do dia 12 de março.
Com apenas quatro candidatos, por enquanto, ainda não é possível fazer algum tipo de avaliação sobre a tendência da composição do próximo CA da Abraceel. Dentro do peculiar (e transparente) mecanismo de escolha dos seus conselheiros, as empresas praticamente intensificam as candidaturas quando faltam 10 ou 15 dias para a eleição.
Até lá, os potenciais candidatos fazem as suas contas, conversam com os eleitores (seus colegas das outras empresas) e avaliam os respectivos potenciais eleitorais. Estão em campanha, mas oficialmente é como se não estivessem, pois o registro dos nomes praticamente fica para a última hora. No meio do processo, se perceber que tem chance de ir para o CA, o candidato se inscreve. Caso contrário, sequer se registra e o jogo fica zerado, provavelmente apoiando outro nome com forte chance de vencer. Exatamente como nas eleições partidárias, dentro do que prevê um Estatuto Social bastante democrático.
Hoje, o CA da Abraceel tem uma composição que reflete integralmente a correlação de forças dentro da associação, de acordo com a estrutura das empresas vinculadas. Dos oito conselheiros atuais, quatro pertencem a comercializadoras independentes, ou seja, que não são vinculadas a outros grupos econômicos inclusive de energia elétrica. Dois conselheiros vieram de conglomerados de energia elétrica, inclusive com fortíssima atuação no segmento da distribuição.
Teoricamente, a distribuição de vez em quando se choca com os interesses diretos do mercado livre defendido pela Abraceel. Há um conselheiro pertencente a um grande conglomerado industrial, com vinculações na autoprodução de energia elétrica e que também é um dos maiores consumidores livres do País. O oitavo e último conselheiro representa uma das maiores comercializadoras, que é por sua vez controlada por um banco de investimentos.
As eleições na Abraceel sempre refletem essa composição de forças internas, onde paradoxalmente algumas vezes umas pareçam se opor às outras não apenas pelo controle da associação, mas, também, pela natureza do negócio. Esse sempre foi um dilema desde os primeiros dias da associação, no início de 2001, e aparentemente permanece até hoje, quando a Abraceel cresceu muito e conta com quase 100 associados.
A diferença da próxima eleição em relação às demais é que, nos últimos dois anos, diante da perspectiva de ampliação do mercado livre, a associação ganhou muitos associados de pequeno porte, classificados como independentes. Empresas recém-criadas, que decidiram arriscar na abertura do mercado. Assim, ainda não é possível dimensionar como ficará o Conselho de Administração dentro dessa nova realidade do quadro associativo.
Quando terminar o prazo das inscrições, no dia 12 de março, aí, sim, já será possível fazer algum tipo de previsão a respeito de quem vai controlar os destinos da Abraceel, embora só o resultado oficial da urna de votação possa obviamente dar a palavra final.