Comercializadora quebra e rombo vai a 200 mi
Maurício Corrêa, de Brasília —
Uma espécie de desastre de Brumadinho atingiu em cheio o mercado livre de energia elétrica com a quebra espetacular de uma comercializadora, a qual deixou um rombo no montante de R$ 200,3 milhões. A metade do rombo é carregada por apenas quatro comercializadoras, em um total de R$ 107,4 milhões. Dezenas de agentes de comercialização estão sendo afetados.
Essa é uma pedra cantada há muitos anos e, de certa forma, os próprios agentes de comercialização têm algum tipo de responsabilidade nesse desastre que atingiu o ML com a mesma força da lama tóxica de Brumadinho.
Afinal, há anos, sempre houve alguma iniciativa da área regulatória para restringir as operações desses agentes até um determinado limite financeiro, mais ou menos nos moldes como operam as corretoras de valores. Entretanto, o ML sempre se insurgiu contra essas tentativas, sob o argumento que isso impediria o surgimento e o livre desenvolvimento das empresas.
Os dois argumentos são igualmente válidos: segurança x liberdade. Mas, ao longo dos anos, também sempre se falou que alguém, um dia, daria um tremendo cano no mercado e fugiria para Miami. Bem, isso aparentemente aconteceu agora. Uma outra coisa extraordinária nesse episódio é que a empresa começou a operar há apenas um ano.
O mercado livre hoje amanheceu em ebulição e tem muita gente tentando entender o que aconteceu. Afinal, quem revendeu e não recebeu a energia fica a descoberto no mercado e carregará o prejuízo. A princípio, essa confusão não afeta o mercado propriamente dito e pode ser algo que ficará limitado ao prejuízo dos agentes envolvidos.
De qualquer forma, é uma bela munição que foi dada aos adversários do mercado livre exatamente no momento em que ele se prepara para dar um salto e ganhar mais fatias na comercialização de energia.