As quatro tendências da Indústria de energia e utilities em 2017
Colin Beaney (*)
Mudanças nas demandas dos consumidores e novas oportunidades em produção de energia renovável estão levando companhias a investir em fontes alternativas, modernizar suas infraestruturas e procurar por novos fluxos de receita. Isso continuará enquanto as companhias de Energia e Utilities se familiarizam com a construção de infraestruturas mais inteligentes e integração de novas e poderosas tecnologias e plataformas analíticas.
Há quatro tendências quando se avalia o ano de 2017. A primeira é que os fornecedores tradicionais de energia adotarão o pensamento de startup para entrar em renováveis. Os Investimentos em renováveis representam hoje mais da metade da capacidade de novas energias ao redor do mundo, e esse mercado crescerá 13% a mais nos próximos cinco anos do que era previsto no ano passado, impulsionados por energias eólica e solar.
Os fornecedores de energia estão procurando descentralizar a capacidade de produção e diversificar em direção às renováveis. É uma questão de modernizar o mercado e antecipar a rentabilidade.
Até então, empresas de energia tradicional modernizaram suas operações e se afastaram de uma competição ao estabelecer unidades de inovação dedicadas à experimentação e validação de novas oportunidades.
Entretanto, com a competição aumentando em todos os cantos da indústria, fora do mercado tradicional definido e, também, das novas startups, a questão de proteger os fluxos de lucratividade (deixá-los crescerem sozinhos) confiando somente em uma unidade de inovação para garantir a manutenção da competitividade não é suficiente.
Transferir-se rapidamente para um novo setor renovável, seja em terra, mar ou ar, indica que companhias de energia tradicionais devem considerar estabelecer uma unidade de negócios totalmente nova ou separar uma entidade financeiramente que seja puramente focada em renováveis – essencialmente iniciando um negócio do zero – e estabelecendo-o rapidamente.
Para obter sucesso com isso, as companhias de energia precisam de organizações e plataformas técnicas mais ágeis e de rápida implementação, o que por razões de velocidade e custo (mais despesas operacionais do que despesas de capital) serão provavelmente baseadas em nuvem.
Isso significa reinventar processos-chave como finanças, planejamento de recursos, suporte de serviços de campo e a gestão de ativos e da cadeia de suprimentos, tendo-as prontas e operando em questão de semanas, e sendo capaz de mudá-las em operação. Para que tudo isso ocorra, fornecedores de energia devem verdadeiramente adotar o novo, uma mentalidade de startup para este ano.
A segunda tendência consiste em ver o consumidor voltar à posição de comando: a mudança do fornecedor de energia para o provedor de estilo de vida. Estamos vendo atualmente a ascensão de um ecossistema de energia inteiramente novo. O IDC prevê que até 2020, 2.5GW de eletricidade serão gerados por 20% das companhias da Fortune G500 – não das companhias de energia tradicionais.
Somado a isso, há consumidores com seus próprios tetos, feitos de placas solares ou aero geradores, que querem vender o excedente de energia de volta para a rede, e você começa a ver provedores de energia e utilities transformando-se de companhias fornecedoras centralizadas para provedores mais distribuídos, fornecedores de serviço bidirecional.
Consumidores exigem escolha e flexibilidade quando se trata de quando e como eles consomem – e agora fornecem – energia. Isso só será realmente alcançado com a evolução dos ‘smart grids’ onde sensores e medidores inteligentes serão capazes de prover ao consumidor mais detalhadamente o uso de energia.
Com um acompanhamento mais acurado, em tempo real, de uso de energia, os consumidores serão capazes de gerir e otimizar seu próprio ‘uso inteligente’. Mas a mudança de fornecedor de energia para ‘Provedor de Lifestyle’ exigirá uma aproximação mais dinâmica e otimizada em manutenção e serviço de campo, de alto nível. Para construir e manter uma infraestrutura inteligente, técnicos em serviço de campo e engenheiros precisam se apoderar de tecnologias conectadas.
Isso significa que, em 2017, as companhias que começarem a transformar digitalmente seus processos de negócios empresariais, ao integrar novas tecnologias – wearables, realidade aumentada e aplicativos de voz – terão uma melhor gestão de ativos, melhor planejamento, melhor execução e um nível mais ágil de serviço para manterem satisfeitos àqueles consumidores mais exigentes.
A terceira tendência volta-se para a pergunta: quando um drone é um robô? R: Quando estiver integrado ao processo final. Os drones estão se tornando rapidamente a norma no mercado de energia, como um outro par de olhos para acessar tubulações, linhas de redes elétricas e outros ativos.
Em 2017, espera-se ver uma série de desenvolvimentos. Primeiro, para ver dados dos drones integrados diretamente com as plataformas de software de gestão, para gerar automaticamente ordens de trabalho quando encontra falhas. Isso pode ser enviado diretamente para os engenheiros em campo, para uma resposta rápida.
O uso de drones não vai parar apenas nas inspeções. Conforme os drones se tornam mais adaptáveis, existe um real potencial deles próprios executarem reparos e tarefas antes manuais. Ainda estamos de alguma forma longe dos drones tomarem decisões autônomas, mas com os avanços das inovações em tecnologia de drones, não será difícil prever um futuro onde pelo menos as tarefas simples de reparo poderão ser feitas remotamente por drones.
Mas, na medida em que os drones se tornam mais comuns em 2017, espera-se ver mais regulamentações e questões de compliance, e não apenas vindas da segurança aérea. Uma lei recente na Suécia baniu o uso não permitido de drones com câmeras. Regulamentações compreensivas ainda estão para serem definidas em 2017, logo, ficar atento às mudanças nos cenários em diferentes geografias será a chave para se manter em compliance.
Finalmente, a quarta tendência que percebo é a chegada da máquina intuitiva, com a digitalização dos ativos. Desde sensores que permitem IP’s até digital twins (dispositivos que podem ser usados para diversos propósitos), os ativos serão cada vez mais digitalizados conforme nos movemos através de 2017 e melhoramos as análises avançadas.
As máquinas automatizadas estão no centro da evolução da indústria 4.0. Plataformas de análises inteligentes automatizadas podem aprender, a partir de um conjunto de dados agregados, coletados por toda empresa sobre os ativos, e entregar os melhores insights tanto para a performance quanto para o status de ativos.
Essas análises estão liderando o desenvolvimento de capacidades preventivas. Novos modelos produzidos por máquinas inteligentes automatizadas coletarão todos os dados de infraestruturas inteligentes, para produzir alertas sobre falhas de ativos, ou leituras de anomalias antes do mal funcionamento dos ativos, com informações detalhadas sobre ações corretivas que precisam ser tomadas antes que as operações sejam interrompidas por falha de componentes.
Porém, isso tudo não tem valor real a não ser que a visão oferecida pela inteligência operacional produzida seja integrada às soluções de gestão de ativos (EAM) existentes – para que esse insight se torne uma ordem de trabalho real, com informação sobre peças, ferramentas e ações requisitadas pelo engenheiro qualificado.
O ano de 2017 está introduzindo nos negócios de energia de grande e pequeno porte uma nova ordem mundial, uma das mais excitantes oportunidades de negócios, de grande conectividade, de mais automação no campo, e mais dados para produzir mais inteligência para comandar os negócios. Aqui está o desafio. Eles são negócios e no coração dos negócios há um software de gestão empresarial, que precisa estar a par de todos esses desenvolvimentos, pronto e disponível para integrar, analisar e entregar, de maneira fácil e ágil.
Apenas assim, empresas de energia poderão, de maneira eficiente e rentável, prover serviços inteligentes e energia inteligente para seus consumidores inteligentes, que crescem mais e mais a cada dia.
(*)Colin Beaney é “Global Industry Diretor” para Energia e Utilities na IFS