Eficiência energética, energia renovável e sustentabilidade.
Alexandre Moana (*)
Durante este período em que comemora-se o Dia Mundial do Meio Ambiente e justamente por isso deve-se mais uma vez lembrar a importância da eficiência energética nesse cenário. O mundo assiste com grande frustração o anúncio da saída dos Estados Unidos do acordo de Paris e o fator preponderante parece ter sido a cadeia energética norte-americana.
Se considerarmos apenas a poluição do ar, pode-se afirmar que 99% dos elementos nocivos são provenientes do enorme apetite humano por energia. Dióxidos de enxofre, óxidos de nitrogênio, partículas sólidas, monóxido de carbono, substâncias tóxicas, etc, que matam
anualmente milhões de crianças e adultos por todo o planeta. E a eficiência energética é a maneira mais rápida para iniciar reformas para a limpeza do planeta.
Vale ressaltar que a disseminação das fontes renováveis é muito importante – destaque para a energia solar fotovoltaica – uma vez que são aliadas de peso para essa empreitada e são inevitáveis, apesar de necessitarem de mais tempo para a sua implantação que ações de eficiência energética.
No entanto, é importante levar em consideração os custos ambientais de cada uma dessas soluções. Isso porque caso sejam instalados sistemas para geração distribuída em unidades consumidoras ineficientes o que se tem, na realidade, é mais consumo ambiental!
Isso acontece porque utiliza-se muita energia e materiais para produzir esses equipamentos de energia renovável, a cadeia produtiva é tão poluidora como de outras indústrias. Por exemplo, há energia e poluição na extração do silício das células fotovoltaicas, no alumínio e outros metais que compõe as estruturas das instalações, no deslocamento dos veículos dos operários, do óleo dos navios que trazem os produtos da China, etc.
Com tanta energia e insumos utilizados para a fabricação de um sistema fotovoltaico é fundamental ter responsabilidade em como utilizá-los. Após todo esse circuito para produzi-los, caso sejam utilizados para energizar uma casa que está altamente ineficiente, amplia-se a cadeia do desperdício.
Por isso, primeiro deve-se fazer a higiene, eficientizando o consumidor final que será alimentado pela geração distribuída e, após isso, deve ser dimensionado o sistema.
Uma analogia interessante é imaginar a alimentação de uma casa ineficiente por um sistema fotovoltaico a algo similar como colocar um sistema de coleta de água da chuva para alimentar uma caixa d’água com vazamentos. Serão dispendidos esforços e insumos ambientais para alimentar um desperdício que não foi corrigido.
Portanto, neste período em que se homenageia o Meio Ambiente, quando vir aquelas imagens bonitinhas na internet, com coletores eólicos, fotovoltaicos e muitas arvorezinhas com todo seu esplendor verde, lembre-se que tudo isso deve operar em um ambiente permeado pela eficiência energética.
(*) Alexandre Moana é presidente da Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia (Abesco).