WEC avalia setor elétrico brasileiro
José da Costa Carvalho Neto (*)
O WEC, sigla em inglês do Conselho Mundial de Energia, é a principal instituição imparcial na área de energia no mundo, formado em 1923.
Conta hoje com uma rede de mais de 3 mil organizações membros, em 84 países, compreendendo corporações privadas e estatais, universidades e outras instituições interessadas no setor, promovendo o suprimento e uso da energia com segurança, equidade e sustentabilidade ambiental.
O balanceamento destes três vetores constitui um “Trilema” e seu sucesso torna possível a competitividade e prosperidade de cada país.
Para quantificar os resultados alcançados em cada país foi criado o “Índice Trilema de Energia”, que vem sendo editado desde 2010, pelo WEC, em parceria com a consultora Oliver Wyman, tendo sua edição de 2020 sido lançada no início do presente mês.
O Índice é calculado pela média ponderada dos três vetores, cada um com peso de 30%, sendo os 10% restantes determinado pelo “Contexto do País”.
O vetor Segurança é definido a partir de parâmetros como a diversificação das fontes primárias, dependência de importação, estoques de energia, frequência e duração de interrupções de energia.
O vetor Equidade é estabelecido a partir de parâmetros como a universalidade do suprimento de eletricidade, a qualidade desta energia e o preço da eletricidade, gasolina, gás natural e outros energéticos.
O vetor Sustentabilidade Ambiental é medido pela intensidade energética, eficiência da operação do sistema elétrico, descarbonização da matriz elétrica e emissões/poluição.
Finalmente o Contexto do País é determinado por parâmetros relativos a aspectos macroeconômicos, de governança, de estabilidade de investimentos e inovação.
O Brasil vem apresentando resultados satisfatórios no ranking do Índice Trilema, tendo obtido a 28ª posição em 2020, sendo “Top Ten”, nos quesitos Segurança e Sustentabilidade Ambiental.
Sua avaliação inferior nos quesitos Equidade, principalmente quanto aos preços de energia, e Contexto de País acarreta a piora no seu posicionamento.
De qualquer forma esta performance do setor de energia nacional é bem superior a outros indicadores econômicos e sociais como IDH, Gini, Competitividade Negocial, etc.
Estes resultados mostram que os acertos nas políticas setoriais implantadas ao longo do tempo tem sobrepujado os erros.
Ao mesmo tempo demonstram que deve-se focar nas políticas e ações visando a redução dos preços de energia, mas com o cuidado de não se prejudicar a segurança e a sustentabilidade ambiental.
(*) José da Costa Carvalho Neto, engenheiro, empresário e consultor, foi presidente executivo da Eletrobras entre 2011 e 2016. Na última Assembleia Geral da WEC, recebeu uma homenagem da entidade, o honroso título de “Honorary Officer”.