Braga confirma privatização da Celg para março
Maurício Corrêa, de Brasília —
O ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, está otimista em relação ao processo de privatização da distribuidora Celg, de Goiás. Nesta segunda-feira, 15 de fevereiro, ele disse que pelo menos seis grupos se constituíram na forma de consórcios, todos eles reunindo grandes empresas, e demonstraram interesse preliminar em assumir o controle societário da Celg, hoje em poder do Governo Federal. Segundo Braga, a previsão de realizar o leilão em março próximo está mantida.
Braga justifica a sua expectativa positiva em relação à venda do controle societário com base em vários fatores. Além do interesse de eventuais compradores, ele explicou que os fundamentos econômicos do estado de Goiás são muito bons, devido à riqueza gerada pelo agronegócio, o que torna a Celg atraente devido às condições do mercado em que opera. Isso, segundo o ministro, se traduz também em ganhos efetivos quanto ao Valor Presente Líquido (VPL) da distribuidora. “Teremos um bom resultado”, afirmou Braga.
Nesta segunda-feira, por sinal, foi publicada no “Diário Oficial da União” uma portaria assinada pelo ministro de Minas e Energia que delega competência ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para encaminhar a privatização da Celg. No final da tarde, Braga recebeu em audiência o presidente da distribuidora goiana, Sinval Zaidan.
Antes de conversar com o ministro, Zaidan prestou algumas informações aos jornalistas. Ele alegou questão de sigilo para não detalhar as empresas interessadas em assumir o controle acionário da Celg, mas explicou que a decisão de delegar competência ao BNDES é natural, pois trata-se de um banco. No caso, é mais indicado que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que, na sua visão, por ser uma agência reguladora, não reúne as condições para tocar o projeto de privatização, até porque não pode nem fazer a modelagem do leilão.
Segundo Sinval Zaidan, a Celg está indo para o leilão com um preço mínimo de R$ 2,8 bilhões, que é o preço líquido livre das dívidas da concessionária, que somam cerca de R$ 2,5 bilhões. Estas serão integralmente assumidas pelo vencedor do leilão. Ele explicou, entretanto, que o BNDES, mesmo se encarregando do processo de privatização, não financiará o futuro comprador da Celg, que precisará buscar outras alternativas de financiamento no mercado bancário.
Na visão de Zaidan, a Celg é uma empresa com boas perspectivas, até porque a casa está arrumada. Garantiu que a empresa não tem inadimplência entre seus consumidores e que as perdas técnicas são muito reduzidas. Embora exista um movimento dos empregados da Celg para barrar a privatização, ele acredita que isso não deverá prejudicar o resultado final do leilão e que a Celg terá novo controlador.
A resistência dos empregados, no seu entendimento, atrapalha um pouco, mas não é um fator determinante. “Os empregados têm uma zona de conforto e temem perder o emprego, o que é natural”, reconheceu. Hoje, a Celg conta com cerca de 2 mil empregados diretos e, para Zaidan, o novo controlador vai herdar um excelente quadro de trabalhadores. Hoje, a Eletrobras tem 51%, cabendo o restante ao Governo do Estado de Goiás.