Lactec dribla a crise correndo atrás dos clientes
Maurício Corrêa, de Brasília —
Organização privada sem fins lucrativos, o Instituto Lactec não está comodamente sentado no seu prestígio conquistado como uma das principais instituições de pesquisa do País. A empresa teve uma receita bruta de R$ 71 milhões no ano passado e, em 2016, pretende chegar perto dos R$ 80 milhões, apesar da crise econômica que atinge em cheio grande parte de sua clientela tradicional, principalmente a área de energia elétrica e o setor automotivo.
A informação foi prestada pelo presidente do Lactec, Luiz Fernando Vianna, que, nesta quarta-feira, 17 de fevereiro, participou, em Brasília, de um evento organizado pela Associação Brasileira de Geração Limpa (Abragel) para discutir como as hidrelétricas associadas deverão se adequar à recente resolução da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) que normatiza a delicada questão da segurança nas barragens.
Segundo Vianna, a sua presença no evento faz parte da estratégia do Lactec de trabalhar com foco no cliente. “Não podemos ficar apenas olhando a crise passar, pois o País é muito maior do que a própria crise. A economia continua girando, negócios são feitos e contratos são fechados. Temos a obrigação de ir atrás dos clientes e mostrar para eles como o Lactec pode contribuir com o mundo empresarial ou institucional”, afirmou Vianna.
Em um País que não dá muita importância para a pesquisa e a inovação, o Lactec, visto sob qualquer ângulo, realmente se destaca, com os seus mais de 500 funcionários lotados em cinco unidades que se localizam na cidade de Curitiba, nas quais estão distribuídos 25 laboratórios dos mais diversos campos da ciência e da tecnologia, numa área total de quase 35 mil metros quadrados. O instituto trabalha em várias áreas, mas se destaca nas pesquisas sobre ambiente, setor automotivo, construção civil, eletroeletrônica, energia, tecnologia da informação, indústria, petróleo e gás natural, entre outros.
Luiz Fernando Vianna disse a este site que o Lactec é um campeão nacional na execução de projetos de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) na área de energia elétrica, com mais de 400 propostas nesse campo já reconhecidas pela Aneel. Na área de energia elétrica, 1% da receita operacional líquida das geradoras e das distribuidoras deve ser canalizado para projetos de P&D. Segundo o presidente da instituição, por volta de 2014 as empresas elétricas se retraíram um pouco, devido à magnitude da crise, mas, desde o ano passado, já é possível observar uma ligeira reativação dos negócios, razão pela qual o Lactec quer surfar nessa onda.
No evento organizado pela Abragel, um pesquisador do Lactec, Rodrigo Silveira, mostrou como a organização pode contribuir com os geradores hidrelétricos, que agora precisam se adequar rapidamente às normas instituídas pela Aneel, para se evitar, por exemplo, um estrago como o recentemente ocorrido com uma barragem do setor mineral no município mineiro de Mariana. Silveira abordou o tema instrumentação e tecnologia para monitoramento, mostrando como o uso de fibras ópticas no monitoramento de encostas e barragens pode prevenir acidentes de grande magnitude.