Cepel tocará projeto da primeira usina heliotérmica brasileira
Maurício Corrêa, de Brasília (Com apoio da Eletrobras) —
A Eletrobras disponibilizou uma informação em seu site, na quinta-feira, 25 de fevereiro, indicando que através do Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel) dará partida ao projeto de construção da primeira usina heliotérmica do Brasil, que ficará localizada no município pernambucano de Petrolina. O Cepel já assinou contrato com a empresa alemã Enolcon para consultoria técnica na elaboração de edital que visa à contratação de uma empresa de EPC (Engineering, Procurement and Construction) para execução da planta-piloto da usina, que é o principal objetivo do Projeto Helioterm, executado pelo Eletrobras Cepel, com recursos majoritariamente provenientes da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep/MCTI).
Participam também da iniciativa a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), como co-executora; a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado de Pernambuco (Secti), como instituição interveniente; e a Eletrobras Chesf, instituição parceira. De acordo com Leonardo Vieira, pesquisador do Departamento de Tecnologias Especiais e gerente do projeto pelo Eletrobras Cepel, a usina terá potência de 1 MW, utilizando a tecnologia de cilindros parabólicos. Trata-se da primeira fase referente à construção de uma Plataforma de Pesquisa Experimental para o desenvolvimento da energia solar no país, abrangendo diversos tipos de tecnologia e seguindo os moldes de plataformas de pesquisa existentes no exterior.
A Enolcon já repassou ao Eletrobras Cepel as especificações técnicas da usina, que farão parte do edital para a contratação da empresa de EPC. “Do ponto de vista técnico, como a tecnologia ainda é pioneira no Brasil, será necessária a participação de empresas estrangeiras no projeto. Em um processo de licitação internacional, uma empresa estrangeira deverá constituir consórcio com uma empresa nacional para participação no edital”, explica o pesquisador.
Bem diferente da energia elétrica derivada de placas fotovoltaicas, a heliotermia é também conhecida como Concentrating Solar Power (CSP). Trata-se de um processo de uso e acúmulo do calor proveniente dos raios solares, utilizando-se espelhos para refletir a luz solar e concentrando-a em um único ponto, onde há um receptor. Dessa forma, grande quantidade de calor é acumulada e usada tanto para processos industriais que demandam altas temperaturas como para gerar eletricidade. Nesse processo, o calor do Sol é captado e armazenado para, depois, ser transformado em energia mecânica e, por fim, em eletricidade.
Em linhas gerais, o calor captado aquece um líquido que passa pelo receptor, chamado de Fluido Térmico. Esse líquido armazena o calor e serve para aquecer a água dentro da usina e gerar vapor. A partir daí, a usina heliotérmica segue os mesmos processos de uma usina termoelétrica: o vapor gerado movimenta uma turbina e aciona um gerador, produzindo, assim, energia elétrica. O Brasil ainda não dispõe desse tipo de tecnologia.
Os alemães estão muito desenvolvidos nesse campo e, através da Deutsche Gesellschaft fur Internationale Zuzammenarbeit GmbH (a agência alemã para Cooperação e Desenvolvimento) vêm trabalhando discretamente no Brasil, tentando mostrar os benefícios da nova tecnologia. Várias usinas heliotérmicas já estão em operação em várias partes do mundo, como, por exemplo, Estados Unidos, Espanha, África do Sul, Argélia, Austrália, Chile, Marrocos e Egito, entre outros países.