Única se preocupa com regras instáveis para setor elétrico
Maurício Corrêa, de Brasília —
Usinas de geração elétrica a partir da biomassa representam hoje cerca de 9% da potência outorgada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) na matriz elétrica. Desse total, a biomassa de cana de açúcar participa com algo em torno de 79%. Mas a presidente executiva da União da Indústria da Cana de Açúcar (Única), Elizabeth Farina, vê o futuro do segmento com preocupação. Afinal, em 2016, a previsão de participação da biomassa de cana na expansão da capacidade instalada de geração elétrica no Brasil deverá se situar em torno de apenas 7%, podendo cair para preocupantes 3% em 2020, quando, em 2010, com um aumento de 1,7 mil MW, foi de 12,5%.
Em conversa com este site, a executiva explicou que o problema se divide em duas vertentes. A primeira é a recessão que atinge a economia brasileira, o que levou o empresariado a colocar o pé no freio em termo de investimentos. A segunda é o alto grau de incerteza gerada pela falta de estabilidade nas regras do jogo. “Se não existem regras claras e estáveis, isso acaba assustando a área empresarial, pois você nunca sabe o que vai ser alterado lá na frente”. Ela acredita que à medida em que a economia brasileira for se estabilizando, será possível reverter ambas as situações.
Nesta quarta-feira, 08 de junho, ela participou de uma cerimônia realizada na Embaixada da França, em Brasília, quando o embaixador Laurent Bili, em nome do Governo de seu País, entregou a comenda de Mérito Agrícola, no grau de cavaleiro, a Jacyr Costa, diretor da Região Brasil da Tereos, uma empresa de origem francesa que atua fortemente no Brasil na área sucroenergética. A cerimônia foi bastante prestigiada por senadores, deputados e muitos executivos do setor de açúcar e álcool. O secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Arnaldo Jardim, também participou do evento.
A Tereos é uma cooperativa agrícola nascida na França, mas com atuação global. É hoje o terceiro maior grupo do setor que produz açúcar, álcool e amido em todo o mundo, o primeiro na França e o terceiro no Brasil. Aqui, também produz energia elétrica em seis de suas sete usinas, exportando para o sistema.
Jacyr Costa explicou ao site “Paranoá Energia” que no último exercício fiscal isto significou algo na faixa de 1,2 milhão de MWh, em um processo de comercialização amparado na visão de longo prazo, ou seja, a Tereos conseguiu encaixar 90% da sua energia elétrica em contratos vendidos através de leilões de longo prazo, entre 10 e 25 anos. “É um projeto que veio para ficar”, afirmou.
Na visão do principal executivo da Tereos no Brasil, a energia gerada pela biomassa de cana oferece inúmeras vantagens, principalmente porque a produção se situa nas proximidades dos centros de consumo, o que evita pesados investimentos em linhas de transmissão e minimiza riscos de perdas.
“O Brasil é um país de enorme potencial agrícola, como poucos em todo o mundo. Aqui, temos território para plantar, tecnologia de primeira qualidade e mão-de-obra. Tudo isso, deixa o Brasil em uma posição muito especial, pois o País nesse aspecto tem muita competitividade. O Brasil é um País vocacionado para operar em larga escala na agricultura”, disse Costa.