Situação hídrica do Ceará pode afetar operação do sistema interligado
Da Redação, de Brasília (Com apoio do MME) —
A situação hídrica do Ceará pode causar impacto econômico na operação do sistema interligado, segundo foi discutido na reunião mensal do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), realizada em Brasília, nesta quarta-feira, 03 de agosto. Isto porque as usinas termelétricas Pecém I e Pecém II poderão ser afetadas, já que dependem de água na sua operação. Para se substituir 1.080 MW das duas térmicas, o ONS estima que haveria um custo adicional estimado entre R$ 650 e 750 milhões até o final deste ano.
Na reunião, Francisco José Coelho Teixeira, secretário de Recursos Hídricos do Ceará, apresentou dados sobre a situação hídrica do Estado. Segundo ele, reservatórios que representam 95% da capacidade de reserva hídrica do Ceará estão com nível abaixo de 30% de reservação, devido à situação climática desfavorável dos últimos anos. Assim, o Comitê deliberou pela criação de um grupo de trabalho para aprofundar a análise sobre o assunto, coordenado pela Secretaria de Energia Elétrica – SEE/MME. A Aneel informou que está estudando o assunto, inclusive com reuniões com os agentes geradores, e apresentará ao GT as conclusões das avaliações regulatórias em curso.
A partir de agora, o CMSE deverá divulgar, logo após a reunião mensal, os principais pontos debatidos por seus integrantes, de forma preliminar. As definições finais sobre as decisões e encaminhamentos do CMSE serão consolidadas em ata, como de costume, devidamente aprovada por todos os participantes do colegiado e divulgada posteriormente, no site do MME.
Na reunião desta quarta-feira, o Comitê também avaliou que o risco de qualquer déficit de energia em 2016 é igual a 0,0% para as regiões Sudeste/Centro-Oeste e Nordeste.
Veja abaixo a íntegra da nota e os destaques discutidos no encontro desta quarta-feira:
“O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico – CMSE esteve reunido nesta quarta-feira, 03 de agosto de 2016, com o objetivo de analisar as condições de atendimento ao Sistema Elétrico Brasileiro, e divulga os principais pontos preliminares tratados pelo colegiado:
Regimento Interno: O Colegiado aprovou o Regimento Interno do CMSE, que dispõe sobre sua organização e responsabilidades. Algumas mudanças incluídas aumentam a transparência e agilidade na comunicação, como por exemplo com o encurtamento do tempo entre as reuniões e a publicação da ata no site do Ministério.
Situação hídrica do Ceará: Francisco José Coelho Teixeira, secretário de Recursos Hídricos do Ceará, apresentou dados sobre a situação hídrica do Estado. Segundo ele, reservatórios que representam 95% da capacidade de reserva hídrica do Ceará estão com nível abaixo de 30% de reservação, devido à situação climática desfavorável dos últimos anos. A restrição hídrica poderá afetar a operação da usinas termelétricas de Pecém I e II, que dependem de água para sua operação.
O ONS avalia que a restrição à operação de Pecém I e II pode causar impacto econômico para a operação do sistema. Para se substituir os 1080 MW das termelétricas de Pecém I e II, o Operador estima que haveria um custo de operação a mais de R$ 650 milhões a R$ 750 milhões até o final deste ano. Assim, o Comitê deliberou pela criação de um Grupo de Trabalho para aprofundar a análise sobre o assunto, coordenado pela Secretaria de Energia Elétrica – SEE/MME. A Aneel informou que está estudando o assunto, inclusive com reuniões com os agentes geradores, e apresentará ao GT as conclusões das avaliações regulatórias em curso.
Redução de defluência em Sobradinho: O Colegiado debateu estudar a proposição à Agência Nacional de Águas (ANA) e ao Ibama de reduzir a defluência mínima da UHE Sobradinho e seus respectivos impactos, tendo em vista a persistência do cenário hidrometeorológico atual. Com a evolução prevista das defluências, a expectativa do ONS é de atingimento de apenas 2,0% de armazenamento na UHE Sobradinho ao final do mês de novembro de 2016.
Workshop sobre valores de carga: O ONS informou que, juntamente com a EPE e com a CCEE, realizará workshop na semana de 8 a 12 de agosto, com a participação dos agentes do mercado e de governo, para apresentar e discutir os novos valores de carga de energia que serão utilizados no Programa Mensal de Operação (PMO) de setembro.
Condições Hidrometeorológicas: Na última reunião do Grupo de Trabalho MCTI/MME sobre Previsão Estendida, o CEMADEN destacou que, no mês de julho de 2016, não houve anomalias de precipitação importantes na grande área central do Brasil, mas que o mês de julho é normalmente um dos mais secos do ano.
No Oceano Pacífico Tropical prevalecem condições de neutralidade, mas as previsões da maioria dos modelos acoplados e oceânicos indicam o provável desenvolvimento do fenômeno La Niña, em princípio de fraca intensidade, durante o segundo semestre do ano, embora com uma certeza menor em relação às semanas anteriores.
O ONS destacou também que, em termos de Energia Natural Afluente – ENA bruta, foram verificadas 93% no Sudeste/Centro-Oeste, 104% no Sul, 33% no Nordeste e 52% no Norte, referenciados às respectivas médias de longo termo – MLT do mês.
Reservatórios e Energia Armazenada: No dia 31 de julho, foi verificada Energia Armazenada – EAR de 51,5%, 88,1%, 23,3% e 54,4% nos reservatórios equivalentes dos subsistemas Sudeste/Centro-Oeste, Sul, Nordeste e Norte, respectivamente, referenciados à EAR máxima. Segundo previsão do Programa Mensal de Operação – PMO/ONS, devem ser atingidos ao final do mês de agosto os seguintes armazenamentos: 42,2% no Sudeste/Centro-Oeste, 74,8% no Sul, 18,9% no Nordeste e 48,7% no Norte.
Na UHE Tucuruí, no subsistema Norte, existe um desvio negativo no armazenamento verificado de 11,1 pontos percentuais em relação à curva referencial de deplecionamento.
Sendo assim, conforme deliberado na 169ª reunião do CMSE, ainda poderá ser necessário manter o despacho térmico por garantia de suprimento energético nos subsistemas Nordeste e Norte de forma a preservar os estoques das UHEs Tucuruí e Sobradinho e operar as interligações com critérios de segurança adequados.
Análise de Risco: O risco de qualquer déficit de energia em 2016 é igual a 0,0% para as regiões Sudeste/Centro-Oeste e Nordeste, considerando a configuração do sistema do PMO de agosto de 2016.
Expansão da Geração e Transmissão: Em julho, entraram em operação comercial 1.635,35 MW de capacidade instalada de geração, 375,5 km de linhas de transmissão e 825 MVA de transformação na Rede Básica. Em 2016, até a data desta reunião, a expansão do sistema totalizou 5.427,03 MW de capacidade instalada de geração, 3.024 km de linhas de transmissão de Rede Básica e conexões de usinas e 6.981 MVA de transformação na Rede Básica.
Em relação à expansão verificada, destaca-se a entrada em operação comercial da segunda unidade geradora da UHE Belo Monte, com potência instalada de 611,11 MW.
Olimpíadas 2016: A Secretaria de Energia Elétrica – SEE/MME apresentou o panorama geral de todos os esforços empreendidos pelo setor elétrico ao longo da preparação para o Evento Olímpico Rio 2016, cuja abertura será realizada em 5 de agosto de 2016.
O CMSE, na sua competência legal, continuará monitorando, de forma permanente, as condições de abastecimento e o atendimento ao mercado de energia elétrica do País. As definições finais sobre a reunião do CMSE de hoje serão consolidadas em ata devidamente aprovada por todos os participantes do colegiado e divulgada conforme o regimento.