Cientistas e laureados pressionam Fundação Nobel para desinvestir dos combustíveis fósseis
Da Redação, de Brasília (Com apoio da 350.org) —
Em uma carta divulgada nesta quarta-feira, 07 de dezembro, antes da cerimônia do Prêmio Nobel 2016, cientistas e outros vencedores da condecoração pressionaram a Fundação Nobel para que retire seus investimentos em combustíveis fósseis que integram seus fundos de doações, cujo valor chega a US$ 420 milhões. Eles defendem que a instituição “não deveria lucrar com a destruição do clima de nosso planeta”.
Entre os 14 laureados que assinam a carta estão cientistas como o químico atmosférico Paul Josef Crutzen, o físico David Wineland e o biólogo Sir John Sulston, além de vários vencedores do Nobel da Paz, inclusive a ativista iraniana pelos direitos humanos Shirin Ebadi, a iemenita defensora dos direitos das mulheres Tawakkol Karman e o ativista argentino pelos direitos humanos e pela paz Adolfo Pérez Esquivel. A carta também foi assinada por cientistas que participam do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), também vencedor do Nobel.
“Em seu testamento, Alfred Nobel escreveu que os prêmios deveriam ser entregues a pessoas que ‘tenham proporcionado os maiores benefícios para a humanidade’. Como laureados e cientistas alinhados com as últimas palavras de Alfred Nobel, nossa expectativa é que a Fundação Nobel também aja pelo bem da humanidade e seus interesses, o que inclui cuidar da saúde do planeta do qual todos nós dependemos”, diz a carta.
O grupo ativista de Estocolmo Divest Nobel,que deu início ao pedido para que a Fundação Nobel corte seus vínculos com a indústria dos combustíveis fósseis, está organizando eventos próximos à cerimônia de entrega dos prêmios Nobel deste ano, neste domingo, em Estocolmo, como forma de manter a pressão.
A carta é feita uma semana antes da divulgação pela Divest-Invest Network do seu terceiro relatório anual sobre o andamento do movimento pelo desinvestimento. O relatório avalia o crescimento e o impacto do movimento ao longo do ano anterior, destacando novos compromissos de desinvestimento e revelando os números mais recentes tanto em relação a esses compromissos quanto aos ativos sob gestão já desinvestidos.[2]
Até agora, mais de 600 instituições já se comprometeram a parar de investir em empresas da indústria de combustíveis fósseis. Entre elas estão municipalidades como Oslo, Paris, Berlim, Seattle e Melbourne, instituições de ensino e acadêmicas incluindo mais de um quarto das universidades do Reino Unido, as Academias de Ciências da Austrália e da Califórnia, centenas de instituições e fundações religiosas. O objetivo da campanha de desinvestimento Fossil Free é enfraquecer a influência política da indústria dos combustíveis fósseis, acabando com a aceitação pública dos principais causadores das mudanças climáticas.