Cooperativas estudam nova usina solar no PA
Da Redação, de Brasília (Com apoio do Sistema OCB/Sescoop-PA) —
A tendência de verticalização produtiva das cooperativas agropecuárias aumenta a demanda pelo consumo de energia elétrica. Com as altas tarifas cobradas pelo sistema convencional de fornecimento energético, um diferencial na conta de luz representaria um número de sobras maior para os pequenos produtores. O modelo renovável de produção energética pode ser a alternativa mais rentável para a sustentabilidade econômica do ramo. Neste sentido, a Cooperativa D´Irituia, localizada no Pará, fez uma visita técnica na última semana à sede da Cooperativa Brasileira de Energia Renovável (Coober), localizada em Paragominas, no mesmo estado. As cooperativas estudam a possibilidade de assinar de termo de cooperação técnica para implantação de usina fotovoltaica.
De acordo com o presidente da cooperativa D´Irituia, Luiz Fernando,o projeto tem total viabilidade econômica. “Sem energia elétrica,não se produz nada. Ela foi um dos fatores responsáveis pela permanência do homem no campo, porque o agricultor familiar pode agregar valor ao produto que ele já tem. As nossas frutas se transformam em polpa e em doces diversos. Sem energia elétrica, não existe como armazenar, mas a energia que consumimos hoje é cara. Cada um dos cooperados armazena na sua unidade de produção e quando se ligam um, dois ou três freezers, o custo fica muito alto. Esse projeto será uma alternativa viável, sustentável e econômica para o crescimento da cooperativa. A partir da experiência da Coober, fica factível implantarmos uma usina de pequeno porte aqui no município de Irituia, em um futuro próximo”.
A Coober iniciará um estudo de viabilidade da implantação da produção de energia renovável. Será feita uma sensibilização com os 66 cooperados para identificar a demanda energética individual e, desta forma, definir qual a melhor forma para dar andamento ao projeto. Serão sendo analisadas duas possibilidades: A Coober fará o projeto, planejamento, execução e operação da usina ou, simplesmente, o projeto e a instalação para que os cooperados operem e produzam a própria energia. “Vamos começar um estudo dentro de Irituia. Antes, acertaremos com a OCB sobre como fazer um termo de entendimento entre as duas cooperativas.O primeiro passo foi iniciado. Será uma grande conquista para esses pequenos produtores, que já fazem o beneficiamento”, afirma Raphael Vale, presidente da Coober, que é a primeira usina solar do Brasil implantada na forma de cooperativa.
A comitiva de Irituia foi bem recebida por autoridades municipais de Paragominas, que planejam aumentar o número de cooperativas do ramo agropecuário. O objetivo é promover um entendimento também com a Cooperativa dos Pequenos Produtores Rurais do Uraim (Cooperuraim), que fornece gêneros alimentícios para a alimentação escolar do município.
A cooperativa D´Irituia pode contribuir com sua experiência técnica de produção agroecológica. Ela é certificada pelo Ministério da Agricultura como produtora orgânica, obedecendo a critérios como a não utilização de agrotóxicos, drogas venenosas e a conservação e preservação de recursos naturais em condições adequadas de produção.Os cooperados utilizam os Sistemas Agroflorestais (SAFs), hortas orgânicas, produções de insumos para usar como adubo (minhocultura, compostagem).
O prefeito de Paragominas, Paulo Tocantins, os secretários de Agricultura, Breno Colonnelli, e de Meio Ambiente, Jaqueline Peçanha, confirmaram presença no Planejamento Estratégico da cooperativa que ocorre na próxima semana. A reunião terá a participação também do presidente do Sistema OCB-PA, ErnandesRaiol, e de Raphael Vale, que fará uma palestra sobre a Coober.
“Essa é uma conquista não é apenas do cooperativismo, mas da sociedade em geral. Conseguimos juntar dois ramos distintos, pensando de uma forma integrada. Essa é a tendência mundial de um comércio mais sustentável. O Sistema OCB-PA segue a diretriz nacional de incentivo às praticas de intercooperação porque não existe outra saída para a crise. Juntos somos mais fortes e chegamos mais longe. Neste cenário, o papel das cooperativas será cada vez mais importante”, comenta Raiol.