Abiogás avalia que 2016 foi o melhor ano para o setor
Da Redação, de Brasília (Com apoio da Abiogás) —
O ano de 2016 foi o melhor em toda a história do biogás no Brasil. A fonte cresceu mais de 30% em menos de um ano, diversos projetos saíram do papel e o energético entrou de vez na pauta do governo, embora ao mesmo tempo tenha sido um dos períodos mais difíceis para o Brasil, com retração da economia, juros em alta e fuga de investimentos. Entretanto, na contramão disso o setor do biogás cresceu e se destacou como boa opção de negócio e como fonte de energia, de acordo com a avaliação da Associação Brasileira de Biogás e Biometano (ABiogás).
Segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a produção do energético para geração de energia elétrica saltou de 0,0572% no início do ano para 0,0748% em dezembro, um acréscimo de 30,76%, chegando aos atuais 118,6 megawatts (MW) de energia instalada.
De acordo com o presidente da ABiogás, Cícero Bley Jr., o biogás se consolida como uma commodity ambiental e tem todas as condições de ser utilizado no Brasil e atender a necessidade crescente de energia elétrica e de biocombustíveis.
“A ABiogás movimentou intensamente o setor energia neste ano e uma das razões para isto foi o planejamento estratégico elaborado pelos seus associados e posto em prática pelo seu Conselho de Administração, que faz a entidade manter um pé firme na realidade econômica e social, construindo novos projetos de referência, dialogando com a indústria de base de maquinas e equipamentos e processos”.
Bley acrescenta que a associação não se descuidou de manter o outro pé nas ações junto ao setor de políticas e regulações, com agendas intensas nas agências reguladoras Aneel e ANP, no planejamento, EPE, no núcleo de políticas públicas e de estado, o Ministério de Minas e Energias (MME), as empresas estaduais de gás e distribuidoras de energia elétrica. A ABiogás teve uma intensa agenda com outros órgãos gestores do setor energético, como os ministérios das Cidades, do Desenvolvimento Agrário, do Meio Ambiente e Agricultura.
Nesse período, importantes programas de referência internacional saíram do papel. Pela primeira vez um projeto de biogás da Geoenergética em consórcio com a Raízen, venceu um leilão A-5 de energia, que negociou 20,8 (MW).
O ano foi de vitória e avanço na área de resíduos sólidos. Em São Paulo, foi inaugurada a maior termelétrica da América Latina abastecida com combustível renovável movida a biometano, a Termoverde Caieiras, com potência instalada de 29,5 megawatts (MW). Os módulos motogeradores foram fornecidos num contrato turn key pela AB Energy.
No Rio de Janeiro, o destaque foi para o projeto de Dois Arcos junto com a Ecometano na captação de biometano para abastecer parte da frota de caminhões de coleta de lixo que atende ao aterro, gerando um ciclo sustentável em torno do projeto.
Em 2016, surgiu a primeira frota com mais de 50 carros abastecida com biometano em Foz do Iguaçu (PR); a Scania, uma das maiores montadoras do planeta, passou a comercializar veículos pesados movidos a biometano, os primeiros já rodam no transporte público de Recife (PE); por fim, o primeiro trator do mundo movido a biometano chegou ao Brasil trazido pela New Holland com apoio do CIBiogás.
Para Alessandro Gardermann, vice-presidente da ABiogás, o biogás desponta com um futuro promissor porque hoje há mais segurança jurídica e tecnológica.
“Em 2016, a Associação atuou em uma frente aberta junto ao Governo Federal, tendo em vista os objetivos propostos pela iniciativa do MME em conjunto com a ANP e EPE, no âmbito da Iniciativa Gás para Crescer, principalmente em relação às premissas de atração e investimentos, aumento da competição e diversidade de agentes, a Abiogás encaminhou sua contribuição com as sugestões de diretrizes estratégicas para garantir a devida importância ao Biometano como fonte relevante, regular, nacional e competitiva de gás”.
O ano de 2016 foi também importante para o biogás no cenário político. Representantes da ABiogás se reuniram com o Ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, em Brasília-DF, para apresentar o Programa Nacional de Biogás e Biometano (PNBB) desenvolvido pela associação. Esse é o único documento que apresenta evidências mostrando as vantagens do energético em usos múltiplos para a geração de energia elétrica, térmica e veicular.
“O PNBB foi desenvolvido com participação de todos os associados da ABiogás e tivemos a oportunidade de entregar em mãos a todas as instituições públicas e empresariais correlacionadas com o tema energias do biogás”, avalia Gabriel Kropsch, conselheiro da ABiogás.
Outro importante acontecimento de 2016 foi lançado o Renova Bio, programa que prevê o avanço do setor de biocombustíveis no país até 2030. Kropsch lembra que o programa estabelece regras de comercialização e o investimento em novos biocombustíveis, como o biogás e o biometano, que passam a integrar finalmente o rol das fontes oficiais de energia.