Energia não falta em 2017, mas operação fica mais cara
Da Redação, de Brasília (Com apoio do MME) —
A nota informativa divulgada pelo Ministério de Minas e Energia, nesta quarta-feira, 08 de março, ao fim da reunião mensal do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), revelou, com clareza que, embora esteja assegurado o abastecimento de energia ao longo de 2017, as condições hidrológicas desfavoráveis deverão levar a despachos térmicos mais volumosos, o que resultará no aumento do custo da operação do sistema.
Como sempre, o CMSE analisou as condições de suprimento eletroenergético em todo o território nacional. As conclusões foram as seguintes:
Condições Hidrometeorológicas e Energia Armazenada: O ONS destacou que, referente à última reunião do Grupo de Trabalho MCTIC/MME sobre Previsão Meteorológica Estendida, não há previsão de nenhuma situação com alto potencial pluviométrico nos próximos 30 dias nas principais bacias do SIN. O Oceano Pacífico não deve influenciar significativamente o regime pluviométrico nos próximos meses. Por outro lado, o Oceano Atlântico deve influenciar negativamente as chuvas do norte da Região Nordeste (incluindo o baixo São Francisco), nos próximos três meses.
O ONS apresentou também que, em termos de Energia Natural Afluente – ENA bruta, foram verificados no mês de fevereiro de 2017 os valores de 71% no Sudeste/Centro-Oeste, 102% no Sul, 33% no Nordeste e 77% no Norte, referenciados às respectivas médias de longo termo – MLT.
Ao final do mês de fevereiro de 2017, foi verificada Energia Armazenada – EAR de 40,3%, 51,7%, 20,0% e 47,4% nos reservatórios equivalentes dos subsistemas Sudeste/Centro-Oeste, Sul, Nordeste e Norte, respectivamente, referenciados às respectivas EAR máximas. Os valores esperados de armazenamentos equivalentes ao final do mês de março são: 45,9% no Sudeste/Centro-Oeste, 49,6% no Sul, 23,1% no Nordeste e 65,8% no Norte. Estes valores recuam, quando avaliado o limite inferior da previsão, para: 41,5% no Sudeste/Centro-Oeste, 41,3% no Sul, 21,2% no Nordeste, 64,5% no Norte.
Foi também apresentado estudo prospectivo do armazenamento equivalente do subsistema Sudeste/Centro-Oeste. Considerando os valores esperados e limites inferiores das ENAs, a energia armazenada neste subsistema varia entre 9,0% e 33,2% ao final do mês de novembro de 2017, bastante dependente das condições hidrológicas do subsistema Sul.
Análise de Risco: O risco de qualquer déficit de energia em 2017 é igual a 0,3% e 0,0%[1], para os subsistemas Sudeste/Centro-Oeste e Nordeste, respectivamente, considerando a configuração do sistema do PMO de março de 2017.
Operação hidráulica do Rio São Francisco: O ONS apresentou simulações de expectativa de armazenamento nas UHEs Três Marias, Sobradinho e Itaparica ao longo do período seco. Sugeriu recomendar aos órgãos competentes, com base na sua experiência em operação integrada de reservatórios, a adoção de patamar de defluência inferior aos 700 m³/s a partir da UHE Sobradinho para preservação dos estoques armazenados para garantia da segurança hídrica da região, tendo em vista a grave situação hidrometeorológica desta bacia. Estas simulações serão apresentadas na próxima reunião de acompanhamento da operação dos reservatórios do rio São Francisco, sob a coordenação da ANA e com ampla participação de representantes do Poder Público, usuários e sociedade civil.
O CMSE destacou o papel fundamental dos reservatórios na mitigação dos riscos de indisponibilidade e de baixa qualidade da água aos usuários do rio São Francisco, principalmente em situações de escassez como a vivenciada atualmente. Ratificou novamente a necessidade de ser compartilhada a responsabilização das ações decorrentes de flexibilizações nas defluências mínimas. Além disso, ressaltou que o atendimento eletroenergético no Nordeste está garantido a partir de outras fontes de geração e pelo SIN.
Horário de Verão: O Comitê também avaliou os dados referentes ao Horário de Verão 2016/2017, apresentados pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). O MME e o ONS irão aprofundar os estudos referentes à avaliação de impacto desta política pública no sistema elétrico brasileiro, considerando as mudanças no perfil e na composição da carga.
Expansão da Geração e Transmissão: Em fevereiro, entraram em operação comercial 174,5 MW de capacidade instalada de geração, 12 km de linhas de transmissão e conexões de usinas e 1.497 MVA de transformação na Rede Básica. Assim a expansão do sistema no ano 2017, até o mês de fevereiro, totalizou 1.354,44 MW de capacidade instalada de geração, 309 km de linhas de transmissão de Rede Básica e conexões de usinas e 2.055 MVA, de transformação na Rede Básica.
Grupo de Trabalho – GT Atendimento a Roraima: A Secretaria de Energia Elétrica do MME apresentou o plano de ação das atividades do grupo de trabalho criado pelo CMSE na última reunião, para avaliação do suprimento de energia elétrica a Roraima. O grupo de trabalho analisará alternativas que contribuam para aumentar a confiabilidade, a segurança e a eficiência do suprimento de energia à região, no curto, médio e longo prazos. Serão analisadas opções de expansão da geração na região, de modo a reduzir ou até mesmo substituir geração a diesel, incluindo avaliação de fontes eólica, biomassa, solar, hidrelétrica, PCH, sistema de armazenamento e geração distribuída, dentre outras. O grupo de trabalho deverá aprofundar a análise de cada uma das opções, bem como considerar o formato de contratação e remuneração, e apresentar os resultados ao CMSE.