CMSE: abastecimento normal, mas preço da energia vai subir
Da Redação, de Brasília (Com apoio do MME) —
Embora o Governo garanta que não há riscos para o abastecimento de energia elétrica ao longo de 2017, haverá aumento na entrada de usinas térmicas em operação, devido ao período seco que se aproxima, o que significa inevitáveis aumentos no custo de operação do sistema. Essa foi uma das conclusões da reunião mensal do Comitê de Monitoramento do Sistema Elétrico (CMSE), realizada nesta quarta-feira, 05 de abril, em Brasília. Em consequência, o comitê instituiu um grupo de trabalho para aprofundar as análises sobre a condição de fornecimento eletroenergético no Sistema Interligado Nacional (SIN).
Depois da reunião do CMSE, o MME divulgou a seguinte nota informativa:
“O CMSE esteve reunido nesta quarta-feira, 5 de abril de 2017, com o objetivo de analisar as condições de suprimento eletroenergético em todo o território nacional, e divulga, de forma preliminar, os principais pontos tratados pelo colegiado:
Condições Hidrometeorológicas e Energia Armazenada: O ONS informou que, com base na última reunião do Grupo de Trabalho MCTIC/MME sobre Previsão Meteorológica Estendida, a temperatura superficial do Oceano Pacífico Equatorial, na atualidade, é compatível com uma situação de neutralidade, o que não deve interferir significativamente no regime pluviométrico nos próximos meses. Todavia, em termos gerais, a maioria dos modelos prevê um aquecimento das águas do Oceano Pacífico Equatorial no segundo semestre, o que poderia derivar no estabelecimento de um fenômeno do “El Niño” de fraca intensidade, ressalvadas as incertezas destas previsões.
O ONS apresentou também que, em termos de Energia Natural Afluente – ENA bruta, foram verificados no mês de março de 2017 os valores de 68% no Sudeste/Centro-Oeste, 85% no Sul, 23% no Nordeste e 84% no Norte, referenciados às respectivas médias de longo termo – MLT.
Ao final do mês de março de 2017, foi verificada Energia Armazenada – EAR de 41,5%, 43,5%, 21,7% e 63,8% nos reservatórios equivalentes dos subsistemas Sudeste/Centro-Oeste, Sul, Nordeste e Norte, respectivamente, referenciados às respectivas EAR máximas. Os valores esperados de armazenamentos equivalentes ao final do mês de abril são: 40,5% no Sudeste/Centro-Oeste, 41,7% no Sul, 21,1% no Nordeste e 65,2% no Norte.
Condições de atendimento ao Nordeste: O ONS também realizou apresentação sobre as condições de atendimento ao subsistema Nordeste frente à necessidade de preservação dos estoques das usinas hidrelétricas da bacia do rio São Francisco. Informou que o suprimento está garantido mesmo em situações de baixa geração eólica, a partir da compensação por geração térmica e pela flexibilização do limite de intercâmbio a partir do SIN.
Análise de Risco: O risco de qualquer déficit de energia em 2017 é igual a 0,8% e 0,1%[1], para os subsistemas Sudeste/Centro-Oeste e Nordeste, respectivamente, considerando a configuração do sistema do PMO de abril de 2017.
Entretanto, apesar de assegurado o abastecimento de energia para o ano de 2017, as condições hidrológicas desfavoráveis deverão levar a despachos térmicos mais volumosos, significando um aumento no custo da operação do sistema. Sendo assim, o CMSE instituiu um grupo de trabalho para aprofundar as análises sobre a condição de fornecimento eletroenergético no SIN. Também caberá ao grupo definir ferramentas e formas de intensificar a divulgação desse processo para a sociedade, de forma proativa.
Operação hidráulica do Rio São Francisco: O ONS apresentou simulações de expectativa de armazenamento nas UHEs Três Marias, Sobradinho e Itaparica ao longo do período seco, utilizando os piores cenários de afluências verificados no histórico, que tem se aproximado da realidade vivenciada atualmente. Com base nos resultados, reiterou a importância de que sejam adotadas medidas para viabilizar a adoção de patamar de defluência de 600 m³/s a partir da UHE Sobradinho, a fim de proporcionar maior segurança hídrica para a bacia do rio São Francisco, diante da condição hidrológica vivenciada neste ano.
O CMSE destacou o papel fundamental dos reservatórios na mitigação dos riscos de indisponibilidade e de baixa qualidade da água aos usuários do rio São Francisco, principalmente em situações de escassez como a vivenciada atualmente. Ratificou novamente a necessidade de ser compartilhada a responsabilização das ações decorrentes de flexibilizações nas defluências mínimas.
Regulação da Geração Fora da Ordem de Mérito: A Aneel apresentou o andamento da regulamentação do artigo 2o da Lei no.13.303, que trata do pagamento aos geradores participantes do MRE do custo do deslocamento hidrelétrico ocasionado pela geração fora da ordem de mérito. A Aneel afirmou que irá, em breve, deliberar sobre o tema.
Avaliação de Medidas Estruturais de Sustentabilidade do MRE: A Aneel apresentou ao colegiado proposta de criação de um grupo de trabalho para aprofundar estudos e medidas para aprimorar o funcionamento do MRE.
Expansão da Geração e Transmissão: Em março, entraram em operação comercial 146 MW de capacidade instalada de geração e 50 MVA de transformação na Rede Básica. Assim, a expansão do sistema no ano 2017, até o mês de março, totalizou 1.500 MW de capacidade instalada de geração, 309 km de linhas de transmissão de Rede Básica e conexões de usinas e 2.030 MVA, de transformação na Rede Básica.