Lista de Fachin levanta suspeita sobre setor elétrico
Maurício Corrêa, de Brasília —
Desde os primeiros momentos em que começaram a ser descobertas as maracutaias feitas na Petrobras, no início das investigações da Operação Lava Jato, surgiu uma nuvem de desconfiança sobre o que poderia ter ocorrido em termos de irregularidades no setor elétrico. Nesta terça-feira, 11 de abril, a lista elaborada pelo ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, mostra que vários políticos foram delatados por ex-executivos e dirigentes da Odebrecht por supostas atitudes ilícitas envolvendo o setor elétrico.
O ex-ministro de Minas e Energia e senador do PMDB do Maranhão, Edison Lobão, que era citado como “Esquálido” pelo Departamento de Operações Estruturadas da Odebrecht, mais conhecido como Departamento de Propinas, segundo os delatores teria recebido cerca de R$ 5,5 milhões da construtora para anular o processo de licitação referente à usina hidrelétrica de Jirau, vencida pelo grupo Tractebel/Suez, que hoje se chama Engie.
Quase vencedor das eleições presidenciais em 2014, o senador Aécio Neves (PSDB-MG), codinome “Mineirinho” nos bastidores da Odebrecht, segundo os delatores teria sido beneficiário com uma espécie de mesada, recebendo valores que variavam entre R$ 1 milhão e R$ 2 milhões, para ajudar a Odebrecht nas demandas da empresa em relação às usinas construídas no rio Madeira (Santo Antônio e Jirau), em Rondônia.
De acordo ainda com os delatores, a ação da Odebrecht junto aos políticos de Rondônia teria sido decisiva. O senador Ivo Cassol (PP), teria recebido algo em torno de R$ 2 milhões, quando era governador do Estado, para favorecer a Odebrecht nos procedimentos administrativos referentes à UHE Santo Antônio.
Da mesma forma, também foi apontado o nome do senador Valdir Raupp (PMDB-RO), como suposto beneficiário de um fundo no valor de R$ 20 milhões, formado com recursos financeiros da Odebrecht e Andrade Gutierrez, para tomar atitudes em benefício das construtoras no projeto da hidrelétrica Santo Antônio.
Em decorrência da Operação Lava Jato, já cumpre pena de 43 anos, no Rio de Janeiro, o vice-almirante (da Reserva) Othon Luiz da Silva Pinheiro, ex-presidente da Eletronuclear, por ter praticado atos ilícitos durante o período em que esteve à frente da empresa, no desenvolvimento do projeto da usina nuclear Angra 3.