CCEE diz que impacto da hidrologia mantém PLD alto até outubro
Da Redação, de Brasília (Com apoio da CCEE) —
A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica – CCEE apresentou nesta quinta-feira, 02 de maio, uma análise do comportamento do Preço de Liquidação das Diferenças – PLD de abril e início de maio, já com o impacto dos novos parâmetros do CVaR no cálculo. O aumento do preço, ainda reflexo do período úmido abaixo da média histórica, leva o PLD a uma média de R$ 354/MWh no Sudeste/Centro-Oeste, principal submercado do Sistema Interligado Nacional – SIN.
“A hidrologia ruim nos primeiros meses de 2017 cnfirmou o período úmido abaixo da média histórica, situação que deve permanecer em maio, em todos os submercados, impactando para a elevação do PLD ao longo de 2017”, ressalta o gerente de preços da CCEE, Rodrigo Sacchi.
Mesmo com ligeira melhora, a previsão de ENAs para maio ainda permanecem abaixo da média histórica para o mês em todos os submercados: Sudeste (72% para 80%), Sul (de 73% para 83%), Nordeste (de 24% para 25%) e no Norte com as afluências passando de 74% em abril para 76% em maio.
Apesar de abril ser caracterizado como o último mês do período úmido no Sudeste, principal bacia do sistema, as afluências foram inferiores à média histórica, o que impactou diretamente os níveis dos reservatórios do Sistema, sem recuperações expressivas. No Sudeste, os níveis subiram apenas 0,2%, fechando abril com 41,8% de energia armazenada. Os reservatórios do Sul ficaram em 43%, queda de 0,4%, enquanto os níveis no Nordeste permaneceram sem alterações, em 21,7%. Apenas no Norte houve registro de recuperação um pouco mais significativa (+1,7%), o que fez com que os reservatórios da região fechassem em 65,9% ao final do período.
“Toda essa adversidade no último mês do período úmido foi percebida no PLD da primeira semana de maio”, lembra Sacchi. Mesmo com queda no preço ao longo de abril, a hidrologia ruim, associada a alteração dos parâmetros do CVaR, provocou um aumento de 36% no PLD atual que saiu da casa dos R$ 372/MWh e alcançou R$ 448,58/MWh nos submercados Sudeste, Sul e Nordeste. Apenas no Norte o preço permanece no valor mínimo de R$ 33,68/MWh.
O PLD anual, segundo as projeções apresentadas, deve ficar na faixa de R$ 354/MWh ao longo de 2017 com expectativa de redução mais expressiva no mês de novembro, quando pode atingir R$ 260/MWh em todos os submercados. Para 2018, a análise indica possibilidade do preço atingir valores mínimos no meio do ano.
O comportamento da carga de energia para todo o Sistema, por sua vez, ficou cerca de 2,1% abaixo projeção feita no PMO de abril e o fator de ajuste do MRE caiu para 80,9% para 2017. Quando a análise mostra o fator de ajuste do MRE, nota-se também o efeito da hidrologia ruim com o índice passando de 95,1% em abril para 75,8% em maio, considerando o perfil de sazonalização de Garantia Física declarado pelos agentes desse mecanismo. Já a projeção do MRE relacionado à repactuação do risco hidrológico, que leva em conta a sazonalização “flat”, deve ficar em 82,9% em abril e em 75,7% em maio.
Em abril, os Encargos de Serviços do Sistema – ESS foram estimados em R$ 19 milhões e a previsão para maio é que não haja qualquer encargo para os agentes do Sistema.
A partir de maio, a Portaria MME nº 164/2016 autoriza a Eletrobras a importar do Uruguai até 70MW de potência por Rivera e até 500 MW por Melo, determinação que também entra no cálculo e nas projeções do PLD feitas pelas CCEE.
Entenda o PLD
O PLD é o preço de referência do mercado de curto prazo, utilizado para precificar o que foi gerado e o que foi consumido de energia elétrica por todos os participantes do mercado (que operam no âmbito da CCEE).
A CCEE apura mensalmente o total de energia consumido pelos consumidores que compram no Ambiente de Comercialização Livre – ACL e pelos cativos do Ambiente de Contratação Regulado – ACR. Os contratos negociados no mercado livre, fechados entre o comprador e o vendedor (pelos geradores, comercializadores e consumidores livres e especiais) e pagos bilateralmente, também são registrados na CCEE. Por sua vez, no mercado cativo os contratos são fechados em leilões regulados pelo governo, informações também registradas pela CCEE. Caso haja mais consumo ou geração do que os montantes contratuais registrados, essas diferenças são liquidadas mensalmente no mercado spot (à vista ou de curto prazo, como também é conhecido). Todos os devedores(subcontratados) pagam em igual proporção para os credores (sobre contratados).
O valor utilizado para este acerto é o Preço da Liquidação das Diferenças – PLD que é calculado semanalmente pela CCEE e, após Resolução Homologatória da ANEEL de número 2.190, de 13 de dezembro de 2016 – tem valor teto de R$ 533,82/MWh e piso de R$ 33,68/MWh, vigentes a partir da primeira semana operacional de janeiro/2017.