Wilson, da Eletrobras: “De fato, exagerei”.
O presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Júnior, afirmou que levou um susto ao tomar conhecimento de que a conversa que teve com sindicalistas, durante a qual diz que há “vagabundos” e “safados” que ocupam cargos de chefia na empresa tinha sido gravada. “A gente nunca percebe quando (está sendo gravado) quando está numa discussão fechada. Agora, já sabemos o que pode acontecer”, disse o executivo, em encontro com a imprensa para tratar do assunto.
“De fato, exagerei. As pessoas não são vagabundas. Me arrependo disso e me desculpei logo em seguida”, complementou. Ferreira disse também que os comentários foram equivocados, no “calor da discussão”. “Mas não significa que não tenhamos uma agenda a enfrentar”, acrescentou.
A Eletrobras possui 17,2 mil empregados próprios, dos quais 5,97 mil são das distribuidoras que serão privatizadas. Na área de geração e transmissão de energia há 2,22 mil pessoas em cargos de chefia, 6,2 mil na área administrativa e 8,77 mil na área operacional.
Ferreira Júnior informou que vai mandar uma carta a cada um dos funcionários para explicar a situação de fragilidade financeira da empresa. “A empresa precisa enfrentar o tema da dívida grande e produtividade”, afirmou.
O presidente da Eletrobras afirmou que não renunciará ao cargo, após a divulgação do áudio em que classifica alguns funcionários como “safados” e “vagabundos”. “O fascínio que eu tenho aqui é implantar esse programa (de reestruturação). Temos uma saída positiva para a empresa”, disse.
Segundo o executivo, há hoje na Eletrobras uma redundância de quadros. “Não há processos eficientes”, afirmou o executivo, complementando que está sendo implementado um centro de compartilhamento de serviços, para acabar com a redundância.
Dentro do programa de reestruturação interna, a Eletrobras está promovendo um plano de aposentadoria incentivada (PAI), ao qual já aderiram 900 funcionários. A meta é chegar a 2,5 mil, o que significa que 1,6 mil devem aderir até a próxima sexta-feira, quando termina o prazo de adesão.
Durante sua gestão, disse o presidente da Eletrobras, 688 empregados perderam a gratificação pelo cargo de chefia. Até junho, 101 assessores, 440 gerentes e 147 secretárias deixaram suas funções, embora não tenha havido demissões.
O ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, saiu em defesa do presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Junior, que na semana passada teve uma conversa com sindicalistas divulgada na qual ele chama funcionários da estatal de “vagabundos” e “safados”. Coelho Filho afirmou que “o presidente acertou em reconhecer que exagerou na palavra”, mas salientou que o executivo “tem a nossa confiança, tem todo nosso apoio para poder tocar a agenda que tem na empresa”. Para o ministro, essa agenda “não é apenas de governo ou de austeridade, é para poder permitir que a Eletrobras possa continuar sobrevivendo”, disse a jornalistas, no intervalo do Ethanol Summit 2017, em São Paulo.
Para ele, a situação da Eletrobras é “extremamente delicada”. “Tem coisas que não dá para a gente conviver, não quero entrar no mérito de como chegaram até aqui, e não é contra um indivíduo, uma pessoa em si, é contra a empresa como um todo”, disse. “Não dá para ver uma companhia que amargou nos últimos 4 anos R$ 32 bilhões de prejuízo dando uma oportunidade de privilégios a uma série de pessoas que não é justa com momento que o Brasil está vivendo”, disse.