ABB diz não à crise e olha para o crescimento
Maurício Corrêa, de Brasília —
Com 105 anos de presença no País e, portanto, já acostumada com as idas e vindas da economia brasileira, a ABB está pronta para uma nova decolagem. A empresa acompanha de perto o planejamento governamental, que prevê R$ 300 bilhões de investimentos no setor elétrico nacional até 2023, e está bastante otimista com os últimos dados macroeconômicos, que dão conta da retomada da economia.
Um dos maiores players globais na área de fornecimento de equipamentos para grandes projetos de energia elétrica, a ABB registrou, no Brasil, um crescimento de 36% nos pedidos, no último trimestre de 2016, impulsionado por demandas de transmissão e distribuição de energia. Em fevereiro passado, a ABB concluiu a ampliação da fábrica de disjuntores em Guarulhos, uma das mais automatizadas do grupo na América Latina, com investimento da ordem de R$ 10 milhões.
O gerente-geral de Subestações da ABB no Brasil, engenheiro Leandro Bertoni, disse ao site “Paranoá Energia” que a empresa está apostando firme na expansão da Transmissão no País. “Devemos assinar novos contratos até o final deste ano, envolvendo a implantação de linhas de transmissão”, frisou, esclarecendo que a empresa já percebe de modo sutil a retomada da movimentação em suas próprias fábricas.
A atual ABB é produto da fusão de duas grandes companhias que já operavam globalmente, a sueca Asea e a suíça Brow Boveri. A sede da empresa fica em Zurich. Bertoni explica que o Brasil, com um sistema elétrico em continua evolução, representa um grande mercado para a ABB e hoje é a cereja no bolo da companhia na América Latina, com todo o potencial de negócios que está sendo criado pela dinâmica imposta pelo Ministério de Minas e Energia.
A história da ABB no País começou em 1912, no Rio de Janeiro, quando forneceu os equipamentos elétricos para o bondinho do Pão de Açúcar. A sua primeira fábrica foi instalada em 1954, em Guarulhos (SP), destinada a produzir dispositivos e sistemas de energia para concessionárias e indústrias.
Hoje, a presença da ABB no Brasil contempla quatro plantas industriais, sendo duas em Guarulhos, uma Sorocaba, também em São Paulo, e outra em Blumenau, em Santa Catarina, com sede administrativa na capital paulista. Não é pouca coisa. No total, a ABB emprega cerca de 3 mil funcionários no Brasil, distribuídos pelos complexos industriais, unidades de serviços, oficinas de reparo e escritórios regionais.
Como qualquer empresa, de qualquer porte ou setor, a ABB está sujeita aos humores da economia brasileira e às indefinições geradas pelo mundo político. Entretanto, segundo Bertoni, um engenheiro eletricista com 18 anos de casa, a crise econômica é algo que precisa ser visto de ângulos diferentes.
Na ABB, por exemplo, o setor de Subestações praticamente não foi afetado pela crise e, desde 2015, mantém uma carteira estável. Ele reconhece que o setor industrial sofreu um pouco mais os efeitos da crise econômica, mas na sua área direta de trabalho, tem sido possível manter a atividade, principalmente devido aos resultados da atuação da empresa na área de renováveis.
A ABB não produz torres eólicas e tampouco placas solares fotovoltaicas. Entretanto, a empresa é grande fabricante de componentes que funcionam dentro dos aerogeradores. Além disso, seus produtos integram a conexão que vai até o grid nacional. Da mesma forma, ocorre em relação à energia solar.
Com as renováveis em franco crescimento no Brasil, a ABB segue surfando na mesma onda, ocupando um nicho de mercado que é a sua especialidade, ou seja, a alta tecnologia, incluindo equipamentos digitalizados ultra-sofisticados, que poucas empresas estão em condições de oferecer no mercado.
Em abril, por exemplo, a ABB lançou o primeiro transformador de distribuição digital do mundo. Há cerca de um mês, a empresa anunciou a aquisição de uma divisão de negócios da Keymile, visando a fortalecer o seu portfólio de redes de comunicação.
Leandro Bertoni lembra que a ABB é líder nas tecnologias pioneiras de produtos para eletrificação, robótica, automação industrial e elétrica, atendendo globalmente concessionárias de energia e clientes industriais, bem como de transportes e infraestrutura. Nesse contexto, a empresa —que é líder global em inovação — tem todo o seu foco de trabalho na digitalização industrial. No ABB Ability — um conjunto de soluções digitais para a indústria, presente em todos os segmentos que a companhia atua, estão depositadas grandes esperanças para fechar negócios.
Conforme explicou, a ABB foi contratada para participar da conexão para Belo Monte, um contrato de US$ 75 milhões para fornecimento de transformadores conversores com tecnologia de ponta. Além disso, a ABB é uma das maiores fornecedoras da Vale, oferecendo soluções exclusivas para o gerenciamento de ativos em tempo real, além de fornecer tecnologia para automação de esteiras.
A empresa também é pioneira na transmissão de corrente contínua de alta voltagem (HVDC), permitindo que as redes transportem maiores níveis de potência em longas distâncias com perdas mínimas.
No seu entendimento, a discussão a respeito de um novo modelo para o setor elétrico brasileiro é para ser percebida de forma positiva, principalmente em relação ao diálogo entre o Governo e os agentes econômicos, para que seja encontrado um modelo, enfim, que tenha consistência e esteja em condições para atender às necessidades do País.
Conforme esclareceu, a empresa acompanha todos os desdobramentos com muita expectativa. “Temos no Brasil uma posição de liderança e temos muito orgulho da nossa presença no País”, disse.
Há poucos dias, a ABB divulgou os resultados globais do segundo trimestre, quando a empresa apresentou um lucro de US$ 525 milhões, apresentando crescimento no número de pedidos em todas as regiões onde atua. A solução ABB Ability já contribui para o crescimento da companhia.