De olho na expansão do mercado, Brasil Plural absorve a Celer
Maurício Corrêa, de Brasília —
A Celer Comercializadora de Energia já está funcionando dentro da estrutura do Banco Brasil Plural. Constituído por ex-executivos do Banco BTG Pactual, esse movimento do Brasil Plural marca um novo capítulo no namoro de instituições financeiras com o mercado livre de energia elétrica, agora devidamente turbinado pelas perspectivas de expansão que serão abertas com o novo modelo proposto pelo Ministério de Minas e Energia e que prevê um forte crescimento no negócio de comercialização. Nas contas do próprio Governo, o ML poderá quase que duplicar a sua participação atual do mercado, nos próximos anos, passando de 30% para algo em torno de 50%.
No início do mercado livre, por volta de 2000, alguns bancos chegaram a criar comercializadoras, animados com os negócios que eram feitos em outros países. Entretanto, o racionamento de 2001/2002 colocou um freio nessa perspectiva, que foi agravada, em 2003, com a posse do Governo petista, o qual tomou uma decisão não escrita de permitir que o mercado livre atingisse no máximo cerca de 1/4 do mercado nacional de energia elétrica.
Os primeiros bancos então caíram fora do negócio. Depois veio uma segunda etapa, em que o BTG comprou a Coomex e se estabeleceu como um forte player desse mercado. O Banco Pátria também tentou entrar no mercado livre, se associando à comercializadora Capitale, mas não permaneceu no negócio. Mais ou menos na mesma época, o banco de investimentos australiano Macquarie tornou-se acionista da comercializadora Nova Energia e ainda continua interessado em participar do mercado livre brasileiro.
Agora, o Banco Brasil Plural não esconde que está de olho nessa próxima etapa de expansão do mercado livre de energia elétrica, mas, também, estará atento à possibilidade de agregar valores para os seus clientes nos dois segmentos: financeiro e energia.
Embora relativamente nova no mercado (surgiu em 2013), a Celer é reconhecida como uma comercializadora bastante dinâmica, razão pela qual quatro antigos sócios da empresa continuam à frente do balcão de energia: João Dahl, que será o CEO, Leonardo Soares (área de Regulação), Sérgio Romani (Trading) e Ewerton Vital (relacionamento com clientes). Cristian Nogueira, do Corporate Desk do Brasil Plural no Rio de Janeiro será co-CEO da Celer Comercializadora. O CEO do Brasil Plural é Rodolfo Riechert.
A raiz do grupo de executivos da Celer é basicamente a antiga MPX Energia, uma geradora criada por Eike Batista, quando ele começou a edificar o grupo econômico. João Dahl foi da MPX e Ewerton Vital também participou da empresa, mas já fazendo a ponte para a sucessora Eneva, quando os negócios de Eike começaram a fazer água.
Outro executivo que pertenceu à antiga MPX e agora está envolvido com a nova Celer é Eduardo Karrer, que hoje cuida dos assuntos de Energia na parte de Investment Banking do Brasil Plural. Ele vai presidir o conselho da empresa. Karrer tem larga experiência no segmento, tendo ocupado a função de CEO da El Paso Brasil — um dos primeiros operadores do mercado livre no Brasil, da MPX Energia e da própria Eneva.