Ambientalistas firmam protocolo contra “fracking”
Da Redação, de Brasília (Com apoio da Coesus e 350.org) —
Diversas organizações e movimentos da sociedade civil latino-americana se reuniram no último sábado, 12 de agosto, na cidade de Salto, no Uruguai, para o Primeiro Fórum Regional em Defesa do Aquífero Guarani e o XVII Fórum Regional contra o Fracking. Organizado pela organização ambientalista “Salteños em Defesa dos Recursos Naturais”, juntamente com a 350.org América Latina e a Coesus Latino-americana contra o Fracking, o encontro teve por objetivo desenvolver estratégias conjuntas para a proteção de um dos recursos naturais mais preciosos do continente e do mundo: as águas do Aquífero Guarani, que estão ameaçadas pela extração de hidrocarbonetos por métodos não convencionais.
A abertura do Fórum foi feita pelo prefeito de Salto, Andrés Lima, e depois se manifestaram mais três oradores. Juan Pablo Olsson, coordenador de campanhas climáticas da 350.org Argentina, falou sobre a geopolítica latino-americana e a necessidade urgente de defender o Aquífero Guarani. José María Aimada, da intendência de Rivera, no Uruguai, abordou a questão da preservação das águas superficiais e subterrâneas através da gestão ambiental. Víctor Bacchetta, jornalista ambiental uruguaio e membro do movimento Uruguay Libre, encerrou o debate com o tema da exploração não convencional de hidrocarbonetos no Uruguai.
No final do encontro foi redigido em conjunto por todas as organizações presentes um documento sobre a ameaça da perfuração de petróleo ao Aquífero Guarani. “Na semana passada, o governo uruguaio anunciou a decisão de apoiar uma moratória sobre fracking no país por quatro anos. Mas isso não é uma solução, porque permanece latente essa possibilidade e, enquanto o Uruguai não tem uma lei que o proíba, as empresas petroleiras podem apelar ao contrato para realizar a exploração”, diz um dos trechos da carta.
O encontro está em sintonia com as articulações feitas pela Coalizão Latino-americana contra o Fracking pela Água, Clima e Agricultura Sustentável, lançada há cerca de um ano em Montevidéu. O Fórum ocorre uma semana após a marcha realizada em Cuchilla del Fuego, no departamento de Paysandú, no Uruguai. A manifestação reuniu centenas de pessoas de diferentes partes do Uruguai e da Argentina em defesa do Aquífero Guarani e de uma lei que proíba o fracking em todo o território nacional.
A indústria do fracking, que já atua fortemente na Argentina e tem planos para se expandir para o Brasil e Uruguai, pode contaminar de forma irreversível depósitos subterrâneos que formam a segunda maior reserva de água doce do planeta, que abastece cerca de 55 milhões de pessoas nos quatro países onde está inserida – Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai.
No Brasil, mais de 350 municípios e o estado do Paraná já proibiram o fracking. Na Argentina, a província de Entre Rios também já está livre da aplicação dessa tecnologia. No Uruguai, as organizações se comprometeram a proibir definitivamente a técnica do fraturamento hidráulico em território nacional. “Não pararemos as mobilizações da sociedade civil até que as perfurações também sejam suspensas”, registra o documento.
Acesse a seção “Documentos” deste site para conhecer a íntegra, em espanhol, do documento assinado em Salto (Uruguai).