Ambientalistas vão protestar na 14ª Rodada
Maurício Corrêa, de Brasília —
A Coalizão Não Fracking Brasil e a organização não governamental 350.org confirmaram a este site que participarão da 14ª Rodada de Licitações de Petróleo e Gás Natural, programada para o dia 27 de setembro, no Rio de Janeiro. Será um mega-leilão, com oferecimento, no total, de 287 blocos em 29 setores de nove bacias sedimentares, somando 122,6 mil km2. O evento será realizado, a partir das 9 horas, no Windsor Barra Hotel, na Barra da Tijuca.
O Governo brasileiro oferecerá aos investidores 46 blocos em terra e 11 marítimos nas bacias de Sergipe e Alagoas; 12 blocos terrestres na Bacia do Parnaíba; seis blocos marítimos no litoral do Rio Grande do Sul; 10 blocos marítimos na Bacia de Campos; 62 blocos terrestres na Bacia Potiguar; 76 áreas espalhadas pelo litoral de São Paulo, Paraná e Santa Catarina; 27 áreas na Bacia do Recôncavo; 11 blocos terrestres no Mato Grosso do Sul; sete blocos marítimos na Bacia do Espírito Santo e 19 blocos terrestres no Estado do Espírito Santo.
Entretanto, há resistências ideológicas ao mega-leilão da ANP. “Com abundância de fontes renováveis no país, o governo brasileiro insiste em investir em energias do passado, ofertando blocos para exploração de petróleo e gás, que financiam a crise climática, fomentam a corrupção e enfraquecem as economias mundo afora”, assinala um texto divulgado pela Coesus e pela 350.org que tem o título “O futuro do Brasil está no céu e não no subsolo”.
Ambas as organizações trabalham fortemente contra a utilização dos combustíveis fósseis e são adversárias de primeira linha da tecnologia conhecida como “fracking”, que consiste na injeção de água e produtos químico no subsolo, com fortíssima pressão, para extrair gás natural. Para os ambientalistas da Coesus e da 350.org o “fracking” é uma espécie de “inimigo um” dos reservatórios de água que existem no subsolo, principalmente o Aquífero Guarani, uma das maiores reservas de água doce do planeta.
De acordo com o texto divulgado pelos ambientalistas, as políticas de desenvolvimentos baseadas na extração do petróleo ou do gás natural estão ficando no passado. “O mundo tem experimentado um processo de renovação energética sem precedentes, onde as energias renováveis estão desempenhando um papel crucial e essencial, já que as reservas fósseis estão se esgotando. Ambientalmente sustentáveis, socialmente justas e economicamente viáveis, fontes como solar, eólica e de biomassa têm se tornado cada vez mais baratas e populares”, assinala o texto.
“No próximo dia 27, a Agência Nacional do Petróleo e Gás (ANP) vai contra os apelos globais por um novo modelo de desenvolvimento econômico-energético e intensifica a agenda de leilões de blocos para exploração de petróleo e gás no país. A cada dia, as pessoas estão cada vez mais ligando os pontos entre empresas que investem em fósseis e o caos climático e as injustiças socioambientais”, diz o documento.
Uma das autoras do texto, Silvia Calciolari, disse ao site Paranoá Energia que a Coesus e a 350.org estão se organizando para registrar um protesto no dia do leilão, no Rio de Janeiro. “Estamos nos mobilizando. Existem outras coisas importantes acontecendo no País, além do combate à corrupção. Através dessas rodadas de licitação, a ANP, na realidade, está comprometendo o nosso futuro, insistindo na extração de energia baseada nos combustíveis fósseis, que já está ultrapassada e condenada”.