Bandeiras poderiam ser aprimoradas, diz ONS
O diretor geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico, Luiz Eduardo Barata, avaliou que o sistema de bandeiras tarifárias deveria passar por um aprimoramento, de maneira a dar um sinal mais claro ao consumidor sobre o cenário de custo da geração de energia elétrica. “Talvez tenha que ter outros instrumentos, além do CMO (Custo Marginal de Operação)”, disse a jornalistas.
Atualmente, o acionamento das bandeiras amarela e vermelha é determinado pelo CMO, um valor calculado para estabelecer o custo ótimo de operação do sistema e que também serve de parâmetro para estabelecer quais térmicas serão acionadas.
Ele comentou que o acionamento da bandeira amarela – e não vermelha – em setembro, mesmo em meio a um cenário de hidrologia ruim e baixo nível de reservatórios, acendeu o sinal de alerta. “A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) não ficou satisfeita com isso e deve avaliar”, comentou.
Para Barata, o sistema de bandeiras tarifárias deveria ser melhor aproveitado como veículo de conscientização do consumidor do custo da energia. “As pessoas não têm hoje conhecimento, precisa fazer uma campanha para que o consumidor olhe e entenda a necessidade de fazer um uso da energia de forma mais eficiente, que a bandeira vermelha não significa que vai faltar energia, mas que vai estar mais cara”, disse. Em meio ao cenário de escassez hídrica, o governo anunciou na terça-feira, 19, que vai avaliar uma campanha de estímulo à economia de energia, questão que segundo Barata deve ser encaminhada pela Aneel.
O diretor do ONS também comentou que há uma “forte possibilidade” de acionamento da bandeira vermelha no mês que vem. “Deve ser bandeira vermelha (em outubro), no nível 1 ou 2”, disse. A declaração se segue a uma avaliação similar feita pelo diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Romeu Rufino. A maioria dos consultores ouvidos pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, projeta uma bandeira tarifária nível 2 em outubro, o que significa a cobrança adicional de R$ 3,50 a cada 100 quilowatt-hora (KWh). A bandeira tarifária de outubro deve ser anunciada pela Aneel em 30 de setembro.
O governo federal vai “atuar junto” às térmicas Araucária, Cuiabá e Termonorte II para viabilizar contratos de fornecimento de combustíveis com a Petrobras. O objetivo é que essas usinas, atualmente paradas, possam estar disponíveis para serem acionadas a um melhor custo de geração, de forma a evitar o acionamento de térmicas mais caras, que gerariam maior impacto nos custos da energia. A informação é do diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Luiz Eduardo Barata
“Há um empenho do governo junto à Petrobras para resolver o problema, principalmente porque essas são usinas mais baratas”, disse, sem dar detalhes. As usinas de Araucária, da Copel, de Cuiabá, da Âmbar Energia, empresa do grupo J&F, e Termonorte II, de um produtor independente, foram citadas em nota divulgada na terça-feira pelo Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico. A viabilização da operação dessas térmicas a “preço competitivo” foi citada como alternativa para o enfrentamento do difícil cenário hidrológico que o País enfrenta, em meio a um baixo nível dos reservatórios.
Araúcária e Cuiabá operam com gás natural. A Termonorte é movida a óleo combustível. No mês passado, a Copel já havia sinalizado estar em tratativas com a Petrobras para um novo acordo de fornecimento de gás que permitiria um custo de operação mais baixo.