Solar pode gerar economia de R$ 2 bi
Da Redação, de Brasília (Com apoio da Absolar) —
Baseada na análise de dados reais do histórico de geração de energia elétrica do País publicados pelo ONS, a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) entrega ao ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, nesta terça-feira, 17 de outubro, em Brasília, um estudo que traz um balanço entre oferta e demanda e a conclusão é extremamente positiva, mostrando uma economia potencial de pelo menos R$ 2 bilhões na conta de luz devido à inserção da fonte solar fotovoltaica na matriz elétrica.
O trabalho foi coordenado por Leontina Pinto, da Engenho Consultoria, especialista do setor elétrico com mais de 35 anos de experiência na área, e avaliou qual seria o impacto de uma inserção planejada da fonte solar fotovoltaica no período histórico entre janeiro de 2013 e maio de 2017. O resultado foi um alívio imediato na operação do subsistema elétrico da região Nordeste, com redução significativa na geração termelétrica fóssil e nas emissões de gases de efeito estufa no setor elétrico nacional, decorrentes do uso frequente de usinas termelétricas emergenciais.
Ao diminuir o uso das termelétricas, a fonte solar fotovoltaica evitaria a liberação de entre 15,4 e 17,9 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera do planeta entre 2013 e 2017, equivalente ao reflorestamento de uma área uma vez e meia maior do que a cidade de Belo Horizonte. A medida ajudaria o país no cumprimento de suas metas de redução de emissões de gases de efeito estufa, conforme os compromissos assumidos pelo Brasil junto ao Acordo de Paris, durante a COP21, em 2015.
As termelétricas mais caras do País foram reativadas nos últimos anos, como uma medida de segurança de suprimento, por conta da severa crise hídrica que diminuiu a capacidade de geração de energia elétrica das hidrelétricas, especialmente na região Nordeste. A medida foi retomada em 2017, levando o país a estabelecer, pela primeira vez, a “bandeira vermelha nível 2”, maior nível da tarifa previsto no setor e que indica elevação no uso de termelétricas fósseis onerosas para suprir a demanda do País. Como resultado da medida, que visa evitar um novo apagão, os consumidores brasileiros terão de pagar uma conta extra que já soma centenas de milhões de reais para cobrir os custos mensais de operação das usinas fósseis emergenciais em operação.
Em contrapartida, o estudo da Absolar aponta que existem formas de superar estes desafios econômicos e ambientais: diversificando a matriz elétrica brasileira com a expansão de novas fontes renováveis, especialmente com a emergente solar fotovoltaica, capaz de produzir mais energia elétrica justamente em períodos de pouca chuva e sol intenso.
“A inserção planejada da fonte solar fotovoltaica na matriz elétrica brasileira contribuiria significativamente para reduzir o acionamento das termelétricas fósseis mais onerosas ao país, diminuindo custos aos consumidores, reduzindo emissões de gases de efeito estufa e aliviando a pressão sobre os recursos hídricos na geração de energia elétrica. Simultaneamente, a medida promoveria a geração de empregos locais qualificados, proporcionando ganhos de renda para a população e contribuindo para a retomada da economia nacional” destaca o presidente executivo da Absolar, Rodrigo Sauaia.
“A fonte solar fotovoltaica atravessa forte expansão no mundo, porém enfrentou obstáculos no Brasil nos últimos 10 anos, que prejudicaram seu crescimento, deixando o país com 15 anos de atraso no desenvolvimento do setor. Para recuperar o tempo perdido e acelerar o desenvolvimento desta fonte renovável, limpa, sustentável e de baixo impacto ambiental em nosso país, a Absolar levará ao Governo Federal uma proposta estruturada de programa nacional para o setor”, ponderou Sauaia.
Na última década, países em desenvolvimento, como China, Índia e África do Sul, bem como nações desenvolvidas, como Alemanha, Japão, EUA, Reino Unido, França, Espanha, Itália, Canadá e Austrália, lançaram programas nacionais para o aproveitamento da energia solar fotovoltaica. Tais programas criaram valor para as economias destes países, fomentando investimentos privados de bilhões de dólares e gerando milhares de empregos qualificados para a população local. Adicionalmente, as medidas contribuíram para diversificar as matrizes elétricas das nações, aumentando a participação desta fonte renovável na matriz e reduzindo as emissões de gases de efeito estufa, material particulado e uso de recursos hídricos para o atendimento da demanda por energia elétrica de suas populações.
“Com a proposta preparada em conjunto com o setor, buscamos posicionar o país como um protagonista na geopolítica do setor solar fotovoltaico internacional, tornando a energia solar fotovoltaica um vetor de progresso econômico, social, ambiental e estratégico ao Brasil, efeito já observado nos principais países em desenvolvimento e desenvolvidos do mundo”, esclareceu o presidente executivo da Absolar.
As recomendações da Absolar foram organizadas em ações para o desenvolvimento do mercado (segmentos de geração centralizada e geração distribuída) e da cadeia produtiva do setor, incluindo temas como a contratação anual de 2 gigawatts (GW) de usinas solares fotovoltaicas por meio de leilões de energia elétrica, uma meta nacional de 1 milhão de telhados solares fotovoltaicos em residências, comércios, indústrias, edifícios públicos e na zona rural, a abertura de linhas de financiamento competitivas para pessoas físicas e uma política industrial para reduzir preços de equipamentos nacionais aos consumidores.
“O Brasil possui um dos melhores recursos solares do mundo, responsável pela geração de enormes riquezas no setor do agronegócio, mas ainda pouco aproveitado no setor elétrico. Com um programa objetivo e eficaz para desenvolver este setor, o País poderá se tornar um dos 10 maiores mercados fotovoltaicos do planeta ao longo de poucos anos. Hoje, já somos referência em energia hidrelétrica, biomassa e eólica. Não podemos ficar para trás na fonte solar, considerada uma das fontes mais estratégicas no século XXI pelo setor elétrico internacional”, aponta Sauaia.