Crise hídrica gera reunião extraordinária do CMSE
Da Redação, de Brasília (Com apoio do MME) —
O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) realizou nesta quarta-feira, 18 de outubro, sua segunda reunião extraordinária de 2017 para aprofundar a análise das condições de suprimento eletroenergético em todo o território nacional. O CMSE apontou que está garantido o suprimento eletroenergético do Sistema Interligado Nacional (SIN), mas com previsão de manutenção do elevado custo associado à geração.
Não faltará energia, mas o consumidor pagará mais caro. O CMSE realizará uma terceira reunião extraordinária na próxima semana, quando as condições do atendimento serão reavaliadas, de modo a acompanhar o andamento das medidas que contribuirão para o aumento da segurança do atendimento e avaliar a necessidade de medidas adicionais.
Considerando os próximos ciclos hidrológicos, foram avaliados os impactos dos custos associados ao despacho térmico fora da ordem de mérito no mercado, especificamente quanto ao GSF, aos encargos setoriais e ao pagamento pelo deslocamento hidráulico. Tendo em vista as apresentações realizadas, o CMSE decidiu, neste momento, não acionar as usinas termelétricas fora da ordem de mérito.
Nas últimas reuniões, o Comitê decidiu adotar metidas alternativas que contribuirão para segurança do atendimento eletroenergético. As medidas já em andamento são: a viabilização de campanha de conscientização do uso da energia elétrica pela população brasileira, importação de energia da Argentina, antecipação da entrada do bipolo 1 de Belo Monte, provimento de combustível para usinas termelétricas disponíveis operacionalmente, mas sem contrato e flexibilização de restrições hidráulicas de algumas usinas hidrelétricas.
Ao final da reunião, o CMSE emitiu um comunicado que tem o seguinte teor:
Reunião Extraordinária – Nota Informativa – 18 de outubro de 2017
O CMSE esteve reunido nesta quarta-feira, 18 de outubro de 2017, com o objetivo de aprofundar a análise das condições de suprimento eletroenergético em todo o território nacional, e divulga, de forma preliminar, os principais pontos tratados pelo colegiado:
Previsão Meteorológica: O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) realizou apresentação sobre as condições meteorológicas verificadas nos últimos dias e a previsão para as próximas semanas. Na área de abrangência das bacias de maior relevância para a geração de energia elétrica no SIN, tem-se observado anomalias negativas de precipitação na região central do Brasil e totais de precipitação acima da média no extremo Sul. Como consequência, a transição para o período úmido encontra-se atrasada em relação ao histórico. Nos próximos 7 dias, está prevista a entrada de uma frente fria que provocará precipitação principalmente nas bacias da região Sul, atingindo com menor impacto algumas bacias da região Sudeste. A partir da segunda semana, as previsões são mais incertas e há discrepâncias entre os modelos observados, que variam entre precipitação mais concentrada na região Sul e atingindo também a região Sudeste. Para a segunda quinzena de previsão, a ser iniciada em novembro, há modelos que indicam a ocorrência de uma rápida transição para o período úmido.
Avaliação das Condições do Atendimento Eletroenergético do Sistema Interligado Nacional – SIN: O ONS apresentou uma análise prospectiva do atendimento ao SIN para o próximo ciclo hidrológico, compreendendo o período de dezembro de 2017 a abril de 2018 (período úmido) e de maio a novembro de 2018 (período seco). Além disso, foi apresentado o comportamento da carga verificada do SIN em 2017, em comparação aos dois anos anteriores e aos valores previstos. Foi destacado que a expectativa de fechamento da carga do mês de outubro sinaliza uma intensificação do crescimento para além do previsto.
Além disso, em atendimento à deliberação da 186ª reunião do CMSE, o Operador apresentou estudos prospectivos de ganhos de armazenamento dos reservatórios equivalentes e dos principais reservatórios do SIN, em função da consideração de geração térmica adicional à expectativa de despacho por ordem de mérito ao longo do próximo período úmido.
Ressaltou que contribuirão para o aumento da segurança do atendimento eletroenergético a adoção de medidas já em andamento, tais como: importação de energia da Argentina, antecipação da entrada do bipolo 1 de Belo Monte, provimento de combustível para usinas termelétricas disponíveis operacionalmente mas sem contrato e flexibilização de restrições hidráulicas de algumas usinas hidrelétricas.
A CCEE apresentou os impactos dos custos associados ao despacho térmico fora da ordem de mérito no mercado, especificamente quanto ao GSF, aos encargos setoriais e ao pagamento pelo deslocamento hidráulico. A partir da análise, o CMSE decidiu, nesse momento, não despachar geração termelétrica fora da ordem de mérito. Ressaltou-se que está garantido o suprimento eletroenergético do SIN, com previsão de manutenção do elevado custo associado à geração.
O CMSE reiterou a importância de viabilização de recursos adicionais de usinas termelétricas que se encontram no momento operacionalmente disponíveis, porém sem combustível. Dessa forma, o Comitê encaminhará nova correspondência à Petrobras enfatizando a necessidade de gestão da empresa no sentido de viabilizar o fornecimento de combustível às usinas termelétricas que ainda se encontram nessa situação, que podem apresentar preços competitivos e contribuir para a segurança do atendimento ao SIN.
O CMSE também destacou a importância das medidas de flexibilização de restrições hidráulicas de algumas usinas hidrelétricas, enfatizando as medidas que contribuem para a preservação dos estoques de usinas de cabeceira e da governabilidade hidráulica da bacia, com destaque para as usinas que compõem as bacias do Rio Grande e Rio Paranaíba.
Assim, o CMSE deliberou por realizar reunião extraordinária na próxima semana, quando as condições do atendimento serão reavaliadas, de modo a acompanhar o andamento das medidas que contribuirão para o aumento da segurança do atendimento eletroenergético e avaliar a necessidade de medidas adicionais.