CMSE vê 2017 como pior ano hidrológico
Da Redação, de Brasília (Com apoio do MME) —
O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) se reuniu novamente em Brasília, nesta quarta-feira, 25 de outubro, em caráter extraordinário, quando decidiu aprofundar a análise das condições de fornecimento eletroenergético do Sistema Interligado Nacional (SIN) em reuniões semanais devido ao cenário hidrológico desfavorável. Com a decisão, foi antecipada para o dia 1º de novembro a reunião ordinária do colegiado.
Os integrantes do CMSE continuam muito preocupados com a questão hidrológica. Segundo apresentação feita pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), durante a reunião, em quatro das principais bacias hidrográficas (que, no conjunto, representam cerca de 80% da capacidade de regularização do parque hidrelétrico brasileiro) o ano de 2017, como um todo, está sendo caracterizado como o pior do histórico, de 1931 até hoje, com apenas 45% da Média de Longo Termo (MLT). A MLT é um termo técnico que é definido pela CCEE como a média de energia natural afluente, ou seja, aquela que chega efetivamente às barragens, calculada com base em uma série histórica desde 1931, ligada à quantidade de chuvas que alimenta a vazão dos rios que por sua vez alimentam os reservatórios das hidrelétricas.
A bacia do São Francisco, por exemplo, está com 27% da Média de Longo Termo – MLT e seu posicionamento como a pior do histórico: o rio Tocantins tem 55% da MLT e 4º pior do histórico; o Paranaíba apresenta 48% da MLT e 2º pior do histórico, enquanto a bacia do rio Grande, com 51% da MLT, oferece o 4º pior do histórico.
“A região formada por estas quatro bacias tem caráter estratégico para o SIN, uma vez que seus reservatórios representam 80% de toda a capacidade de regularização do parque hidrelétrico brasileiro. A previsão climática de consenso aponta para uma maior probabilidade de ocorrência de anomalia negativa de precipitação no período até dezembro de 2017, em relação às médias históricas na região central do Brasil, onde estão majoritariamente localizadas as referidas bacias”, diz o comunicado divulgado pelo MME após a reunião do CMSE.
Considerando que a carga do SIN vem se apresentando a acima do previsto para até o final do ano de 2017, o CMSE apresentou estudos prospectivos de ganhos de armazenamento dos reservatórios equivalentes e dos principais reservatórios do SIN, em função da consideração de geração térmica adicional à expectativa de despacho por ordem de mérito ao longo do próximo período úmido.
Foi mantido o despacho da usina térmica – UTE Termoceará (170 MW) até o retorno à operação do terminal de regaseificação de gás natural liquefeito – GNL de Pecém, previsto para o dia 07 de novembro de 2017.
A íntegra do comunicado sobre a reunião do CMSE tem o seguinte teor:
Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) – Reunião Extraordinária – 25 de outubro de 2017
“O CMSE esteve reunido nesta quarta-feira, 25 de outubro de 2017, com o objetivo de aprofundar a análise das condições de suprimento eletroenergético em todo o território nacional, e divulga, de forma preliminar, os principais pontos tratados pelo colegiado:
Previsão Meteorológica: O Cemaden realizou apresentação sobre as condições meteorológicas verificadas nos últimos dias e a previsão para as próximas semanas. Na área de abrangência das bacias de maior relevância para a geração de energia elétrica no SIN, mantem-se o cenário apresentado na reunião anterior de anomalias negativas de precipitação na região central do Brasil e totais de precipitação acima da média no extremo Sul. Assim, a transição para o período úmido permanece atrasada em relação ao histórico. Nos próximos sete dias, está prevista a entrada de uma frente fria que provocará precipitação principalmente nas regiões Sul e Sudeste. A partir da segunda semana, as previsões são mais incertas, mas indicam a permanência da precipitação em maiores volumes, significando uma transição para o período úmido.
Avaliação das Condições do Atendimento Eletroenergético do Sistema Interligado Nacional – SIN: O ONS apresentou uma análise prospectiva do atendimento ao SIN para o próximo ciclo hidrológico, compreendendo o período de dezembro de 2017 a abril de 2018 (período úmido) e de maio a novembro de 2018 (período seco). Foi destacada a perspectiva da carga do SIN se verificar um pouco acima do previsto até final do ano 2017, principalmente na região Sudeste/Centro-Oeste. Além disso, foram apresentados estudos prospectivos de ganhos de armazenamento dos reservatórios equivalentes e dos principais reservatórios do SIN, em função da consideração de geração térmica adicional à expectativa de despacho por ordem de mérito ao longo do próximo período úmido.
O ONS destacou que o ano de 2017 configura-se como um dos piores anos do histórico e o mês de setembro verificou-se como o pior do histórico, em termos de energias naturais afluentes nas principais bacias hidrográficas de interesse para a geração hidrelétrica do SIN, destacando-se a situação das bacias dos rios São Francisco, com 27% da Média de Longo Termo – MLT e seu posicionamento como a pior do histórico, Tocantins, com 55% da MLT e 4º pior do histórico, Paranaíba, com 48% da MLT e 2º pior do histórico, e Grande, com 51% da MLT e 4º pior do histórico. Considerando-se essa região como um todo, o ano de 2017 está sendo caracterizado como o pior do histórico de 1931 até hoje, com apenas 45% da MLT.
A região formada por estas quatro bacias tem caráter estratégico para o SIN, uma vez que seus reservatórios representam 80% de toda a capacidade de regularização do parque hidroelétrico brasileiro. A previsão climática de consenso aponta para uma maior probabilidade de ocorrência de anomalia negativa de precipitação no período até dezembro de 2017, em relação às médias históricas na região central do Brasil, onde estão majoritariamente localizadas as referidas bacias.
O ONS apresentou proposta de manter o despacho da usina térmica – UTE Termoceará (170 MW) até o retorno à operação do terminal de regaseificação de gás natural liquefeito – GNL de Pecém, previsto para o dia 7 de novembro de 2017. A partir da análise, o CMSE decidiu manter despachada essa usina, conforme proposto pelo ONS.
O Comitê reiterou a continuação das tratativas para viabilizar a geração das UTEs operacionalmente disponíveis e sem garantia física, para a flexibilização de restrições hidráulicas de algumas usinas hidrelétricas e para a viabilização de importação de energia da Argentina.
O CMSE destacou que está garantido o suprimento eletroenergético do SIN, com previsão de manutenção do elevado custo associado à geração. Serão realizadas reuniões semanais de acompanhamento pelo Comitê e na próxima semana está agendada a reunião ordinária do colegiado, referente ao mês de novembro de 2017, ocasião em que as condições de atendimento serão reavaliadas”.