Parente: ainda não é hora do “investment grade”
O presidente da Petrobras, Pedro Parente, disse que apesar de o mercado já cobrar menos prêmio nos papéis da estatal, não é esperado que a empresa obtenha o selo de investment grade pelas agências de classificação de risco, visto que é imposto um teto pelo Brasil, que não possui o grau de investimento. “Acreditamos que não poderemos ser investment grade antes de o País voltar a ser”, disse, em apresentação na Associação Comercial de São Paulo.
O executivo afirmou que prova de que a Petrobras está recuperando sua saúde financeira e sua reputação é o fato da empresa ter conseguido alongar suas dívidas a custos mais baixos
Desinvestimento
A Petrobras ainda não fechou o modelo para o desinvestimento ou entrada de parceiros em suas refinarias, visto que este não será um processo simples, disse o presidente da companhia. Segundo ele, essas refinarias não são organizações separadas da estatal. “As refinarias são ativos da Petrobras e é preciso que sejam organizadas em entidades legais para a entrada de parcerias. Essa não é uma discussão simples e queremos tomar uma decisão responsável”, comentou.
Parente disse ainda que o programa de desinvestimento da Petrobras, além de ter como objetivo reduzir o endividamento da companhia e, assim, diminuir sua conta de serviço de juros, também visa a sair de setores em que a empresa não tem expertise e que deixou de investir, como os campos em terra. “Do meu ponto de vista, há um enorme interesse das autoridades estaduais nessa operação, mas há uma ação política para tentar retardar o programa por liminares e é muito ruim para a economia local”, afirmou.
Sobre a questão de conteúdo local, o executivo destacou que esse tema sempre gera um debate acalorado, mas que a regra cria um acréscimo de custo muito expressivo às companhias. “Como brasileiro, adoraria comprar tudo no Brasil, mas isso não é realista. Temos que preservar o legítimo interesse da empresa”, disse.
Market share
A Petrobras passou a trabalhar alinhada aos preços internacionais, com mudanças diárias dos valores dos combustíveis, o que permite à companhia ser mais competitiva em um mercado em que cerca de 20% do diesel e da gasolina consumida no País é importada, disse o presidente da estatal, Pedro Parente, em apresentação na Associação Comercial de São Paulo. “Como qualquer empresa, temos que trabalhar de olho no market share e outro na margem. Estamos em um processo de aprendizagem”, afirmou.
O executivo disse que a Petrobras não pode operar no prejuízo e que sua sustentabilidade ocorrerá se a empresa atuar de forma saudável. Hoje, segundo Parente, a Petrobras é uma empresa integrada em energia, com foco em óleo e gás, conforme foi estabelecido em seu plano de negócios, com a decisão tomada de se desfazer de áreas como petroquímica e fertilizantes, por exemplo. Segundo ele, a meta de corte de custos da empresa segue “muito bem”, acima do esperado.
Corrupção
Parente reiterou que a Petrobras foi vítima do esquema de corrupção – e não um agente – e que nunca se beneficiou. “O processo de corrupção e prática de preços abaixo da paridade de preços internacionais deixou a dívida em US$ 132 bilhões, em seu pior momento”, disse. Para o final do ano que vem, a meta é sair do índice de alavancagem de 5,3 vezes anotados em 2015 para 2,5 vezes, conforme a métrica da razão da dívida líquida pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização).
O presidente da Petrobras destacou ainda que todo esse momento vivido pela empresa, de elevado endividamento, ocorreu paralelamente ao de desafio do preço do petróleo, com transformação tanto do lado da oferta como do lado da demanda. “Achamos que temos um pouco mais de tempo, é uma indústria de ciclo longo e mais 30 para recuperar o investimento feito”, disse.