Aleluia diz que governo não tem foco para Eletrobras
O deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA), relator do projeto de lei que regula a desestatização da Eletrobras, disse que falta “foco” ao governo para aprovar a matéria no Congresso. “O governo não está focado. Quer, mas não faz força”, afirmou ele durante o seminário “Setor Elétrico: Enfrentando Desafios”, realizado na sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Mais cedo, ao chegar ao evento, ele disse que a reunião desta quarta da comissão especial havia sido cancelada e que conversaria com ministros do Planalto para saber do real interesse na aprovação da matéria.
No seminário, ele afirmou que a base do governo não se fez presente nas reuniões da comissão. Alguns líderes indicaram para integrá-la parlamentares que são contra a desestatização. Enquanto isso, a oposição se mantém organizada para obstruir os debates. “A comissão está sendo obstruída porque vai levar as pessoas a entenderem que na Eletrobras foi feito um trabalho sistemático de destruição do valor do patrimônio brasileiro”, afirmou. “A oposição quer obstruir, porque isso vai desnudá-los ”
Ele comentou, ainda, que a Eletrobras nunca fez trabalho de preservação ambiental. Uma das bandeiras contra o processo é justamente o risco de haver depredação do patrimônio ambiental.
O presidente da Confederação Nacional da Indústria, Robson Braga de Andrade, disse nesta quarta-feira, 21 de março, que os empresários devem estar atentos às discussões sobre o setor elétrico em curso no Congresso Nacional, para evitar criação de novos tributos sobre a conta de luz. Hoje, os impostos, taxas e encargos respondem por 45% do valor da conta.
“No passado recente, em quase todas as mudanças setoriais aprovadas no Congresso Nacional, foram sancionadas novas taxas ou encargos sobre a conta de luz”, afirmou, durante a abertura do seminário “Setor Elétrico: Enfrentando os Desafios”, promovido na sede da entidade. “Todos esses tributos foram criados com bons propósitos e com argumentos defensáveis, em sua forma individual, mas não em seu conjunto.”
O peso dessas obrigações é hoje um entrave aos novos investimentos e tema “fundamental” para a competitividade do setor produtivo brasileiro, afirmou.
O presidente da CNI defendeu a privatização da Eletrobras. “Uma das razões será receber investimentos necessários sem as amarras do controle público e com a agilidade do setor privado”, disse. “A privatização também avança na direção de libertar a empresa de possíveis ingerências políticas, que tantos prejuízos já causaram ao Brasil.”
Defesa da proposta
O presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Jr., defendeu a privatização da Eletrobras durante o seminário “Setor Elétrico: Enfrentando Desafios”, realizado na sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Segundo explicou, a desestatização da empresa vai aumentar a competição no setor, o que deve resultar numa queda das tarifas.
Ele explicou também que nenhum país no mundo tem uma empresa como a Eletrobras. Em vários países, há empresas que têm minoria de capital estatal e a maior parte dos papéis em bolsa, tal como pretendido com o novo modelo.
Disse ainda que, no governo passado, a empresa perdeu 45% de seu patrimônio e dobrou sua dívida. Há um ano e meio, o débito era nove vezes superior à geração de caixa. Na época, a empresa valia R$ 9 bilhões. Na terça, estava cotada em R$ 34 bilhões, fruto de reestruturações realizadas no atual governo.