Térmica de Cuiabá fecha por falta de gás
Da Redação, de Brasília (Com apoio da Âmbar Energia) —
A Âmbar Energia, controladora da Usina Termelétrica de Cuiabá e do Gasoduto Bolívia-Mato Grosso, tomou conhecimento da decisão da Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), publicada no dia 02 de abril, de arquivar a ação movida contra a conduta anticoncorrencial da Petrobras no fornecimento de gás natural, e, suspendeu temporariamente as atividades da térmica, considerando que não há perspectiva de a empresa voltar a receber o combustível, indispensável para o seu funcionamento.
A Âmbar alega que a decisão do Cade não deixa alternativas, a não ser suspender as operações da Usina Térmica de Cuiabá e do Gasoduto Bolívia-Mato Grosso, deixando temporariamente de competir no mercado. Desde meados do ano passado a empresa tenta, sem sucesso, chegar a um acordo com a Petrobras, que detém o monopólio no Brasil no fornecimento de gás natural, como reconhecido na própria decisão do Conselho Administrativo.
Nos últimos nove meses, a usina recebeu combustível suficiente para operar plenamente por apenas 35 dias, tornando inviável manter um empreendimento desse porte nas condições atuais. No esforço de evitar a demissão imediata dos quase 100 trabalhadores que atuam nas operações do Gasoduto e da Usina, a empresa iniciará um processo de negociação com o sindicato para suspender temporariamente os contratos de trabalho (lay off).
A Âmbar Energia (controlada pela J&S, que também é a holding que agrupa a gigante JBS, da área de carnes) informou que recorrerá da decisão do Cade para assegurar seu direito de concorrer no mercado de fornecimento de energia. A restrição de acesso ao combustível é uma questão relevante para o Estado do Mato Grosso, sendo que o próprio governo local tentou adquirir gás diretamente da estatal no final do ano passado, não sendo atendido.
A Usina Térmica de Cuiabá, com capacidade de gerar até 480 megawatts de energia elétrica, é uma das mais modernas e eficientes do Brasil, e sua produção é relevante para o sistema elétrico nacional como reconhecido pelo Ministério de Minas e Energia, que chegou a interceder junto à Petrobras para que o fornecimento de gás fosse retomado. O Gasoduto Bolívia-Mato Grosso possui 645 Km de extensão, sendo 283 Km no lado brasileiro e 362 Km no lado boliviano, com capacidade de transporte de 4 milhões BTU/dia sem compressão e 7,5 milhões BTU/dia com compressão.