Governo se confunde com privatização da Eletrobras
Nesta tarde, a privatização da estatal foi abordada, com uma certa confusão, em coletiva de imprensa no Palácio do Planalto pelo próprio ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, e também pelo ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun. Houve desencontros no discurso do governo sobre o decreto que incluirá a Eletrobras no Plano Nacional de Desestatização.
Depois de o novo ministro de Minas e Energia, Moreira Franco, dizer na quarta-feira, 11 de abril, que o decreto seria publicado nesta quinta, Marun afirmou na coletiva que “houve uma confusão” e que o texto ainda está sendo avaliado. “O governo quer a capitalização da Eletrobras, mas isso fará em parceria e sintonia com o Congresso. Não temos a ideia de fazer isso sem que seja ouvido e deliberado com o Congresso. Houve uma confusão no sentido que esse decreto poderia ser o caminho, mas isso estamos avaliando”, disse.
Guardia pareceu ter sido pego de surpresa e chegou a dizer que o decreto havia saído. Ao ser informado que não, o ministro disse que iria se “atualizar” e ressaltou a importância da capitalização. “A Eletrobras, como venho dizendo todo dia, é uma prioridade do governo”, afirmou. Estava prevista uma audiência do ministro da Fazenda ao relator da proposta de privatização da Eletrobras, José Carlos Aleluia (DEM-BA).
Marun foi questionado sobre as dificuldades de Moreira Franco em negociar com o Congresso, como reconheceu o próprio presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e tentou minimizar a resistência dos parlamentares ao ministro. “O governo é uma equipe. O ministro Moreira Franco tem toda a capacidade técnica, tem conhecimento da política e em termos de articulação política pode ser auxiliar”, disse.
Segundo fontes do Planalto, o decreto não foi publicado nesta quinta-feira porque o presidente Michel Temer avaliou que Moreira Franco estava “com pressa” e que era preciso medir a temperatura do Congresso antes de assinar a medida.
Na Câmara, a comissão especial do tema só conseguiu dar andamento aos trabalhos na quarta-feira, 11, depois de sucessivos cancelamentos e adiamentos, por falta de quórum e obstrução de parlamentares, inclusive da base aliada do governo. Com isso, os debates sobre o projeto começam na próxima semana. A primeira audiência pública foi marcada para terça-feira (17) e o convidado será o presidente da estatal, Wilson Ferreira Jr.