Leilão de LT´s tem deságio médio de 46%
Os vencedores dos 16 lotes ofertados no leilão de transmissão que foi encerrado na tarde desta quinta-feira, 20, na sede da B3, em São Paulo, ofertaram um deságio médio de 46%. Ao todo, a Receita Anual Permitida (RAP) de todos os projetos chega a R$ 1,153 bilhão, ante uma RAP máxima de R$ 2,139 bilhões.
A Neoenergia conquistou os principais lotes do leilão, incluindo o maior deles, o lote número 1, e também os lotes 2, 3 e 14. A receita anual permitida da companhia nesses quatro projetos supera os R$ 500 milhões.
Dos R$ 13 bilhões em investimentos viabilizados com o leilão, a Neoenergia vai responder por aproximadamente R$ 6,1 bilhões.
Dentre as principais empresas de energia, destaque para CPFL, que venceu os lotes 5 e 11, Energisa, com o lote 4, e Taesa, vencedora do lote 12. Também participaram da disputa CTEEP, Engie, EDP e Alupar, que, no entanto, não obtiveram sucesso com suas propostas.
Os estudos de planejamento para o próximo leilão de transmissão ainda estão em andamento, mas a expectativa, segundo o diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Sandoval Feitosa, é de que, além de projetos novos, concessões retomadas pelo poder concedente, após processos de caducidade, possam ser novamente ofertados, após a realização de estudos.
Um dos projetos que devem voltar a ser ofertados é de um projeto no Acre, ligando Rio Branco a Cruzeiro do Sul. Embora não seja um projeto grande – a Receita Anual Permitida (RAP) é estimada em R$ 350 milhões -, o empreendimento é considerado importante porque interliga ao sistema nacional a região de Cruzeiro do Sul, hoje atendida por térmicas a óleo diesel. “É um projeto que se pagaria em 13 a 15 meses, apesar de não ter o porte das linhas do Sul”, comentou Sandoval, referindo-se a projetos leiloados nesta quinta-feira, 20, e que originalmente foram concedidos à Eletrosul foram alvo de caducidade e agora voltaram ao mercado.
Sandoval comentou que existem outros processos de caducidade em análise na Aneel e que tais concessões podem ser incluídas no próximo certame, se houver tempo.
Dentre os projetos novos que devem ser incluídos em um futuro leilão estão dois lotes que estavam previstos para ser ofertados no certame desta quinta-feira, mas saíram da lista. “São lotes que estão na área de Amazonas Energia e que, com processo de privatização, a tendência é de que venham a ser confirmados em futuro leilão”, disse.
A Neoenergia vai dobrar de tamanho na área de transmissão com os quatro lotes arrematados nesta quinta-feira, 20, disse a representante do grupo no certame, Cristiane da Costa Fernandes, ao comentar os R$ 6 bilhões em investimentos assumidos, que vão gerar uma receita anual permitida (RAP) da ordem de R$ 500 milhões quando estiverem operacionais.
A forte atuação e agressividade da companhia no leilão desta quinta-feira chamou a atenção do mercado, que observou que a movimentação ocorre após a frustração da Neoenergia com a compra da Eletropaulo, no primeiro semestre deste ano. Mas Cristiane salientou que a decisão da companhia de entrar com força no segmento de transmissão ocorreu em 2017, quando participou do primeiro certame. “(A Neoenergia) vem aumentando a participação em transmissão, é uma decisão estratégica que não é de hoje e estamos consolidando a posição estratégica no grupo”, afirmou.
Os vencedores de alguns dos principais lotes do leilão de transmissão realizado nesta quinta-feira, 20, na B3, destacaram que veem com otimismo as perspectivas para a economia brasileira
A jornalistas em São Paulo, o representante do grupo controlador da construtora espanhola Cymi, Jaime Llopis, afirmou que está “confiante numa melhora constante das condições brasileiras nos próximos anos”. A Cymi faz parte, junto com a Brookfield, do Consórcio Chimarrão, grupo que assumiu o segundo maior volume de investimento entre os projetos leiloados. O consórcio foi o vencedor do lote 10, com R$ 2,4 bilhões de investimento previsto
A companhia que mais conquistou lotes no leilão foi a Neoenergia, que obteve quatro lotes com um investimento somado de R$ 6 bilhões. Para a representante do grupo, Cristiane da Costa Fernandes, “o Brasil tem necessidade grande de expansão de transmissão e geração de energia”. Ela considerou que a sinalização é de que o ritmo de expansão vai continuar em linha com essa necessidade.
“Acreditamos que as regras que regeram esse leilão e que vão estar no nosso contrato serão mantidas e cumpridas. Há leis e regulação fortes o suficiente para fornecer essa segurança jurídica e regulatória”, concluiu.